sábado, 21 de fevereiro de 2009

Festival de Cenas Curtas da E.N.T.

Participei no dia 07/02/2009 do 2º Festival de Cenas Curtas da E.N.T como jurado. Foi uma experiência interessante. Descobri que é muito difícil julgar. Participei, há uns 5 anos atrás, desse mesmo festival como ator, sendo minha primeira apresentação pública depois de ter começado a estudar teatro. Sei da importância de atividades como esta para quem está conversando. E é por isso que resovi postar aqui algumas considerações sobre as cenas realizadas pelos alunos. Como o Festival aconteceu no dia 07 e só agora tive tempo de escrever, pode ser que eu escreva pouco, mas tentarei lembrar o que foi discutido no dia com os outros jurados. Vamos lá: 

AS CRIADAS de Jean Genet (Débora Sartori, Carol Dias e Bruna Maleski) 

As atrizes estavam à vontade em cena. Por outro lado, ouviam-se pouco. Muitas vezes, passaram do ponto na intenção de fazer o público rir. O figurino das criadas deveria ser igual para as duas atrizes. A sonoplastia foi utilizada de forma incorreta. 

AS HIENAS de Braulio Pedroso (Francini Gamba, Fabiano Martins e Rafael Roldan)

Sonoplastia muito bem escolhida. Um dos atores carregou demais nas tintas, o que por muitas vezes deixou a cena muito "over". Destaque para a atriz, que conseguiu transmitir muito bem a tensão da cena. O trabalho corporal do final da cena foi impressionante. 

ESPERANDO GODOT de Samuel Becket (Roberto Fagundes e Tatiane Steffani) 

Cena muito bem resolvida. Espaço bem utilizado. Figurino coerente, interpretação justa. Não me lembro da sonoplastia. 

A MEGERA DOMADA de Shakespeare (Marta Martinho e Vinícius Albano) 

A dupla se mostrou disposta ao jogo. É bom ver dois atores com repertório se divertindo em cena. Além disso, os atores extrapolaram os domínios do texto fazendo uma metainterpretação, (interpretação sobre a interpretação). Por outro lado, ambos pecaram ao utilizar piadas que só os alunos da escola entendiam. A atriz conseguiu segurar muito bem a ação física de um homem. Mas sua voz continuava feminina, o que, creio eu, deixou a construção do personagem incoerente. 

NÓ CEGO de Carlos Vereza (Caco Oliveira e Du Fernandes) 

Um dos atores (Caco) apresentou certos problemas de articulação e projeção vocal. Isso acabou diminuindo meu interesse pela cena. Du Fernandes esteve muito bem. Sua interpretação estava na medida. Ambos tiveram dificuldades para visualizar o "enforcado". 

VISITANDO O SR. GREEN de Jeff Baron (Adriano Campos e Dante Maranini)

O espaço foi bem utilizado pelos atores. Por outro lado, ambos demonstraram nervosismo em cena. O ator que fez o Sr. Green cometeu algumas falhas na composição física do velho. Não havia problemas de articulação ou projeção, mas acreditei pouco na cena. 

VEJO UM VULTO NA JANELA de Leilah Assumpção (Priscila Alves, Suellen Beijos e Thais Soria)

Figurinos muito bem pensados. A utilização do espaço foi mal feita. Houve problemas de articulação e projeção. As atrizes triangulavam pouco com a platéia. 

A SERPENTE de Nelson Rodrigues (Carla Marco e Lívia Lunardi) 

Em termos de concepção e encenação, a cena mais interessante. Muito jogo entre as atrizes. Uma cena bastante difícil muito bem realizada. Sonoplastia muito boa. Apenas as saias que as atrizes usavam me incomodou um pouco. 

POR TELEFONE de Antônio Fagundes (Jill Mendes e Paulo Braghetto)

Foi a cena que mais causou risos no público. Mas creio que o riso tenha sido causado mais pela quantidade de palavrões do que pela execução dos atores. 

OTELO de Shakespeare (Fernanda Gazito e Renato Mendes) 

O figurino prejudicou muito o ator. Além de não ser de bom gosto, limitou os movimentos dele. A cena foi muito bem pensada e o espaço foi bem utilizado. Mas ficou uma cena muito técnica. Falto emoção. 

DOIS NA GANGORRA de William Gibson (Fábio Domingues e Flávia Dessoldi) 

Dois atores tecnicamente muito bons. Ambos tinham presença cênica, tinham repertório e jogavam entre si.  Faltou apenas um salto qualitativo no final da cena.