segunda-feira, 22 de outubro de 2012

FETO 2012: A viagem, momento a momento

Quatro horas da manhã do dia 14 de Outubro de 2012, saíamos do Colégio Central Casa Branca em direção ao Aeroporto de Congonhas. Na malas, os figurinos e no coração expectativa, nervosismo por ser a primeira (de muitas que faremos) vez que muitos voariam. Quase todos dormiram pouco ou quase nada. Mas quem se importava? Estávamos indo para BH, era um sonho que se tornava realidade.

Logo no aeroporto um revés, problemas da documentação, Marina e Fernanda não embarcam. O grupo sofre um baque inicial por conta do estresse e da correria. Sofremos ao vê-las chorando, mas embarcamos aguardando que elas viessem nos dias seguintes; o avião decolou com alguns gritos de excitação, outros de medo. Após ultrapassar as nuvens, todos abriram as cartas que haviam recebido no salão de embarque com a seguinte orientação: "Abram apenas após a decolagem, quando o avião já houver estabilizado. Primeira emoção da viagem. 

Ao pousar em solo mineiro, um suposto segurança português nos recebia com um cartaz GRUPO BRINQUEDO FOFO. Disse que nos conduziria ao Hostel fazendo o trabalho de batedor. Chegando lá, disse que haveria uma confraternização organizada pelo Sr. Rui, ele mesmo (um anjo, que sempre acompanha o Grupo, quando este vai a BH) , que estava disfarçado de português. Detalhe: havia portugueses no hostel, que olharam com olhos de estranhamento e acharam graça da imitação. Quando Rui se revelou, o grupo não deu boas risadas. Rui sacou do violão e iniciou uma cantoria regada a dramatização dos integrantes. Comemos pães de queijo e o mais importante: Tomamos Mate Couro, o melhor refrigerante do mundo.

Enquanto eu dormia, o elenco brincava de batucar na latinha com os meninos do Grupo Boca de Cena, de Congonhas - Mg. Ouvi quando um grupo novo chegou ao hostel e me perguntava: Quem são? Fomos almoçar e logo depois eles chegaram. Cedemos nossos lugares e eles, já que havíamos terminado, descobri que faziam parte do Grupo Cênico Tatu bola, de Pará de Minas. Com idades parecidas, gostei das carinhas dos meninos e meninas. Este encontro se aprofundariam minutos depois dentro do Hostel, quando começamos a cantar músicas e brincar juntos. O Hostel estava pequeno e invadimos a rua. Lá, Brincamos de POTÊNCIA!, grito que mais tarde marcaria o Feto. Fomos juntos assistir ao primeiro espetáculo e cantamos muito no ônibus. 

Depois, mais um espetáculo, Baden Baden, que pela força, causou choros de desespero em alguns dos nossos. Os dois espetáculos que assistimos motivaram  um debate no grupo na manhã do dia seguinte: "Arte tem limite?" Pergunta levantada retransmitida a Marco Antônio Rodrigues, diretor do Grupo Folias, no Cafeto, realizado na tarde do mesmo dia. Gabriela Vilas Boas comentou no banheiro que a pergunta não havia sido respondida devidamente e Pita Belli ouviu, retransmitindo a Paulo Celestino, do Grupo XIX, que dias depois, em uma das análises, dirigia-se à menina, que ficava inquieta querendo ouvir e ver tudo e dizia: "pede depois pra ele o texto que eu quero ler de novo".

O Terceiro dia marcou o início das oficinas. É, eles estranharam, "não era o Varlei" e levaram uma bronca: "Não educo vocês para só trabalharem comigo. Voltem amanhã e dediquem-se mais!". Às 16:00, fomos assistir aos já amigos do Tatu Bola e foi tão, mas tão forte, um grupo de características similares e a mesma emoção. O espetáculo terminou com os dois grupos emocionados e com gritos de "Tatu Bola é Potência! Potência! Potência!". A despedida foi dolorosa. Mas prometemos que não terminaria ali. Voltando ao Hostel, estourou o pneu do ônibus. Pudemos presenciar um pouco do trânsito mineiro em horário de pico. Capital é tudo igual, alguns meninos aproveitaram o tempo ocioso para dançar no meio da rua e fazer cena: "Juro que não conheço essa gente!". Depois, pizza e cama.

De manhã, alguns foram para a oficina. Assisti junto com os menores "O Menino que sonhava demais", belíssimo pela ludicidade e pelo visagismo, à tarde, um Chá de Casa Nova com o pessoal de São João Del Rei e à noite o belíssimo espetáculo de nossos amigos Portugueses, Braseiro. Também tivemos o primeiro contato com outro grupo especial, o Art´ncena de Taguatinga- DF. 

Quinta-feira era o dia. Nossa apresentação. Melhor impossível. Platéia receptiva, rindo e chorando junto. Grande momento. Ovação do público, que foi às lágrimas. Podíamos até ouvir o fungar de narizes. Uma grande surpresa e uma forte emoção tomou conta de todos, quando nossos queridos do Tatu Bola, de surpresa apareceram. e retribuíram os gritos e a cantoria. Brinquedo Torto também é POTÊNCIA!

Sexta de manhã foi hora colocar os pingos nos "is", de refletir sobre a vaidade, sobre segurar o Ego depois de uma maravilhosa apresentação, cheia de elogios. Depois do almoço, fomos assistir a Bang Bang, dos nossos queridos amigos do Art´ncena, que também são POTÊNCIA fizeram um trabalho de cair o queixo. Depois, mais troca, mais conversa e mais contato na fila para o próximo espetáculo.

Sábado, já estávamos sentindo saudades. Tudo já tinha um tom de despedida. Brincamos muito no piquenique e à noite, mais emoção. Lançamento do documentário e do catálogo de 13 anos do Festival. Eles são meus heróis. Digo, Babi, Eliezer, Alexandre, Byron, todos eles. Quero ser como eles quando crescer.

Domingo chegou com uma surpresa de feliz aniversário, achei que nunca mais na minha vida ia parar de chorar. Música linda, bolo, mate-couro, carinho de todos, "a gente se sente importante e especial numa hora dessas". Aí eu já estava triste, estava acabando. Encerramento, abraços, carinhos e lágrimas, marcaram a despedida, juntamente com o desejo de voltar no ano que vem.

Se era um sonho para mim, se acreditava nessa geração, se queria proporcionar para eles uma experiência inesquecível, não podia imaginar que seria dessa forma, tão intensa, tão mágica, cheia de momentos fortes, deixando uma marca bonita na história, tendo orgulho desses meninos e do que construímos juntos. Voltei para casa com aquela depressãozinha característica do fim de cada FETO, cheio de saudade dos grandes amigos que fizemos e de toda a experiência, de todo aprendizado que o grupo teve. Foi sim, incrível e inesquecível como todos, mas de certa forma, único, singular, especial como nunca. E a cada dia amo mais Brinquedo Torto, Feto, Teatro e as pessoas que conheci lá!