segunda-feira, 25 de maio de 2009

IMPRESSÕES (NEKRÓPOLIS)

Inicio hoje uma nova série. Em "IMPRESSÕES" falarei sobre alguns espetáculos a que assisti. Não pretendo aqui adotar uma postura de crítico teatral. Em primeiro lugar porque acho esta tarefa um tanto chata, e em segundo porque não me sinto demasiadamente capaz para tal. Como o próprio nome diz, presendo expor minhas impressões acerca dos espetáculos que vejo. Nada mais. Todas as minhas impressões estão longe de ser verdades absolutas ou únicas. São apenas opiniões e visões de trabalhos de outros artistas, que merecem todo o respeito. O primeiro da série é o espetáculo Nekrópolis, da Escola Livre de Teatro.

Sinopse: Nekrópolis é uma peça que retoma o tema da ação política no contexto altamente complexo do Brasil contemporâneo. Em sua narrativa, um grupo de indivíduas se congrega numa organização autodenominada ESTIRPE; excluídos, vivendo á margem (como muitos brasileiros), dedicam-se a desenterrar cadáveres - e com isso, trazer á tona os crimes impunes cometidos por um Estado negligente e por uma sociedade permissiva. Na montagem, o texto dialoga com uma dramaturgia musical que confronta, enfatiza, nega, questiona, sonha, cantando como num contraponto que procura frestas entre os espaços da palavra.

Impressões: Um espetáculo de dar inveja. Uma dramaturgia que inicialmente nos incomoda e nos estranha, mas que depois nos surpreende, tanto pela justificativa dos dados oferecidos anteriormente quanto pelo desfecho impactante e inesperado. Interpretação dos atores bastante justa; o texto não pressupõe grandes dificuldades de interpretação, com uma ou outra exceção. Trabalho corporal simplesmente fantástico; preciso, sem grandes pirações cênicas e bastante funcional. Músicas impressionantemente bem compostas, bem arranjadas e bem interpretadas pelo elenco. Figurino bem pensado, bem construído e bem acabado. Ausência de cenário completamente coerente. Não bastasse tudo isso, o espetáculo promove reflexões profundas. Profundas mesmo! Tão profundas que num momento inicial parecem partidárias, mas que posteriormente se revelam bastante imparciais. Fatos, não julgamentos. Como julgar a ESTIRPE? Quem é o maior criminoso? Ela, que apenas expôs o problema, ou quem, por descaso, deixou que este acontecesse? Discussão de embrulhar o estômago. E eu adoro essas discussões. Abaixo, um vídeo com parte de uma música do espetáculo.




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