quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Sobre dúvidas, incertezas e pontos de interrogação


Pouca gente vem aqui e isso é bom. Quando alguém, quem quer que seja, estiver lendo este post espero sinceramente que tudo tenha passado. Ultimamente tenho sido claro, por aqui. Hoje serei extremamente metafórico, até porque é uma droga relatar suas dúvidas existenciais e profissionais sem qualquer lirismo.



Ás vezes o medo bate à porta e faz o otimismo se esconder debaixo da cama enquanto eu fico no quarto com as calças na mão sem saber se eu abro a porta, visto as calças ou vou pra debaixo da cama. Se eu for pra debaixo da cama eu vou com medo e não com otimismo. Se vou à porta deixo o otimismo debaixo da cama e aí, de calças curtas não há muito o que fazer se às coisas derem errado. E tudo o que eu quero e não ficar parado, de calças curtas na mão, vendo o medo bater à porta com o otimismo escondido.
Queria mesmo era sair com o otimismo do meu lado, abrir a porta e dizer " o que é que há? cai pra dentro.", mas estarei pelado se rolar escada abaixo na luta e chego à rua nu e tendo que pagar caro por isso, além de ouvir dos outros "eu não disse?"
Ás vezes não é fácil escolher entre um caminho e outro porque muitos outros caminhos se interligam ao escolhido e ao deixado. Outras pessoas seguem meu rumo e devo satisfações porque eu mesmo pedi que me seguissem. Nâo quero fazer como Forest Gump que no meio de uma maratona interminável parou e simplesmente disse "estou cansado. quero ir pra casa."; mesmo porque não quero ir pra casa. Quero o longe, o horizonte, a miragem...
Quando a incerteza não é algo "quase certo", ela é dúvida. A dúvida propõe riscos que se já são difíceis de se assumir sozinho, mais ainda quando se depende de outras pessoas e outras pessoas depende de você.
Queria poder largar tudo e jogar tudo pro alto sem medo, correr em direção a porta e cair de porrada no medo, se o otimismo viesse comigo, mas antes ligasse no celular da certeza e da segurança pedindo que elas viessem rapidinho entrar de voadora na pancadaria.
Enfilizmente não é assim. O que fazer então?
"Quando tudo está perdido,
sempre existe um caminho,
quando tudo está perdido,
sempre existe uma luz
mas não me diga isso"
Tudo não está perdido, mas está incerto. E a incerteza dá medo, que tira o otimismo, que me deixa de calças curtas em frente à porta, no escuro com medo do bicho papão...

domingo, 20 de janeiro de 2008

Sobre conhecer e trabalhar com gente nova

Desenho da minha nova aluna Jussara, da E.N.T.


É bom quando a gente tem a oportunidade de conhecer uma pessoas novas. Tive esta oportunidade ontem na E.N.T., onde comecei a dar aula. Estava ansioso para conhecê-los e não imaginei que gostaria tanto. Para falar a verdade, não sei dizer exatamente do que gostei. Só sei dizer que gostei muito e acho que o sentimento foi recíproco. São quatro pessoas tão diferentes entre si, mas cada uma com uma peculiaridade, um quê de especial, de intrigante, de desafiador, cada um tão singular em seu modo de ser, de agir, de pensar e de se comunicar. Cada um com seu potencial a ser explorado.

Senti que esta turma, este novo grupo que se formará, precisa de carinho, de acolhimento, de calor humano. Isso eu tenho de sobra. Senti também que podemos construir uma bela história juntos. Percebi que eles estão muito abertos, que possuem vontade de fazer, de realizar e de aprender muito. O bom de se fazer teatro com gente com pouca experiência na área é isso: eles estão abertos, não se julgam profundos conhecedores disso ou daquilo, questionam com humildade e coerência e quando percebem que são respeitados, a relação de respeito mútuo se torna mais forte.

Tudo o que sempre fiz na vida foi trabalhar artisticamente com pessoas tachadas como "leigas" até certo ponto e percebo que é isso que eu quero continuar fazendo da minha vida. Dirigir grupos profissionais? Pretensão eu não tenho. Se acontecer, é por um mero acaso. Gosto de gente nova, com vontade de aprender, com quem eu possa ter um diálogo horizontal. Sempre foi assim e as coisas têm funcionado, não haveria porque querer mudar logo agora. Assim foi com Peixe Vivo, Cia do Abraço, Poesia de Corpo Presente e outras pequenas experiências que tive. Isso me satisfaz e me faz feliz.Assim também será com esses quatro e mais algum que venha compor o elenco.

Ana Clara, Daniel, Jussara e Renan, vocês já moram no coração. Temos muito trabalho pela frente e uma bela história para escrever. Escrevamos então!

"Uma obra de arte deve levar um homem a reagir, sentir sua força, começar a criar também, mesmo que só na imaginação. Ele tem de ser agarrado pelo pescoço e sacudido; é preciso torná-lo consciente do mundo em que vive, e, para isso, primeiro ele precisa ser arrancado deste mundo."


Pablo Picasso

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Sobre a felicidade de sentir-se pai

Se ser pai é sentir o que eu sinto por ela, então é muito bom. Porque sinto muito orgulho, uma vontade de cuidar o tempo todo, um carinho infinito e a certeza de que correria o mundo para vê-la feliz.

Acho que sei o que um pai sente quando vê a filha chorar. Dá um desespero muito grande, dá vontade de fazer o que for preciso, até mesmo dar a própria vida, transferir a dor para a gente e chorar todas as lágrimas no lugar dela.

Talvez ser pai seja sentir saudade após menos de 24 horas e se preocupar como está, se está comendo, se está dormindo direitinho e se está se sentindo bem. Sempre ouvi dizer que é isso e é isso que eu estou sentindo. Acho que já sou pai. Pelo menos me sinto como tal, tenho as preocupações de um pai e sinto a alegria que um pai pode sentir. E se é isso, é bom demais.

Tudo isso por causa dessa garotinha aí de cima. Uma das melhores coisas que me aconteceram em 2007, não que a tenha conhecido apenas este ano, mas este foi o ano em que desabrochar a rosa que sabia que havia no canteiro e recebi de como presente a surpresa de um carinho que não imaginava que pudesse sentir de novo.

"É só olhar para o céu que a gente se encontra lá, filha querida!"

Sobre recarregar as baterias

É bom que alguém como eu, que não costuma desligar um só instante, consiga parar por alguns dias para contemplar a natureza, ficar sentado numa cadeira olhando o mar, comendo camarão e tomando uma cerveja.

Há anos que eu não fazia isso, me desligava do mundo. Envolvi-me de tal forma nas minhas atividades que fazer essas coisas, o que já era uma rotina nas minhas férias, deixou de sê-lo há algum tempo. Mas este ano me obriguei a desacelerar, puxar o freio de mão, estacionar e parar para ver a paisagem.

O resultado final não podia ser melhor. Aqui estou eu de volta com as baterias recarregadas e louco de vontade de mandar brasa nos projetos. É claro, ainda estou com o ritmo meio desacelerado e preciso voltar ao ritmo de antes, isso demora uns dias, mas vai se acertando. Mas uma coisa é certa: preciso fazer isso mais vezes, principalmente estando ao lado de pessoas tão agradáveis como foi desta vez.

E que venha a vida de novo...


Robi e Eu, os cunhados Ana e Guilherme e a Concunhadinha Fernanda