QUAL DAS DUAS FICOU MELHOR?
Um atleta caído no chão. Mal estar aparente. Largam os milhares de homens em busca de todos os passos presentes nos quarenta e dois quilômetros da maratona. O atleta segue no chão, o ouvido zumbe, a terra parece rodar e roda. Não há meio de parar para ajudá-lo sem abrir mão de seu tempo na corrida. Todos olham estupefatos o campeão que enverga na tarde do último dia do ano, na última corrida da vida. O vômito escorre no asfalto paulistano, a lágrima escorre o rosto do herói nacional, cujos braços e pernas trabalham em busca do erguer-se. Não há quem queira assim encerrar sua carreira. A força que o motiva é o anseio de ser digno como sempre fora. Não se permite a derrota não brigada. Não se aceita essa vergonha. A câmera da tevê se aproxima e enquanto luta imagina a voz do narrador.
Um atleta caído no chão. Mal estar aparente. Largam os milhares de homens em busca de todos os passos presentes nos quarenta e dois quilômetros da maratona. Apenas ele no chão enquanto o ouvido zumbe e a terra roda sob seus pés. Outrora campeão e herói, hoje guerreiro que luta apenas pela dignidade de encerrar dignamente sua trajetória. O corpo expulsa agressivo os líquidos ingeridos que molham o asfalto paulistano, a lágrima corre dos olhos do homem, antiga lenda. Seus olhos percebem a câmera de tevê que se aproxima. A vergonha o domina e antes que possa desmaiar, rejeita a vergonha de perder sem luta forçando os braços e as pernas tremitantes a um passo desajeitado.
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