A catedral dialoga com a mulher humilde e devota alheia à inquietude da cidade. Pensamento suburbano em meio à correria diária. Joelhos cansados no solo, braços abertos e mãos calejadas espalmadas em prece de mãe-avó. Sulcos na pele queimada pelo sol dos anos remontam os caminhos percorridos na dura vida. Cabelo branco que há tempos venceu a tentativa frustrada de tintura. Vestido de flor de estampas num desbotado rosa toca o mesmo chão por onde passam pés apressados, que ao meio dia, convulsivamente caminham de lá para cá com objetivos distintos. Gente sem fé que trabalha dia e noite. Som de britadeiras, trânsito infernal, igual calor. Ela: único sinal de pausa entre os passos. Respiração profunda, pensamento elevado, desejo de auxílio, conselho, livramento. O pedido se acentua em meio a lágrimas. O sino badala em resposta. O diálogo persiste indiferente à adjacência impessoal da metrópole que mastiga povo enquanto o joelho urra na pedra ardente
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