quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

O COMPANHEIRO



Um espetáculo que tratava da relação do indivíduo com o telefone celular. Um advogado corrupto, uma patricinha falida, uma operadora de telemarketing e um presidiário, todos eles com algo em comum, sua relação com o celular. A peça relatava situações engraçadíssimas, que beiravam o non-sense, mas se aproximavam muito do real. Por exemplo: A patricinha que tenta por um milhão de vezes cancelar a conta do celular ou um presidiário realizando golpes do sequestro pelo telefone. Era identificação na certa. Quem nunca recebeu um golpe, ou uma tentativa de golpe pelo celular ou ficou um tempão sendo enrolado por uma operadora de telemarketing?

Sem sombra de dúvida, o meu maior desafio como diretor este ano. Um grupo completamente diferente de todos aqueles com os quais tinha trabalhado. Eram poucos, tinham algumas dificuldades, não agiam como grupo e uma série de outras coisas. Uma turma bastante difícil de se trabalhar. 

Qual seria o caminho mais fácil? Escolher um texto, fazer o estudo e montá-lo. Escolhi justamente o caminho mais difícil. Iria escrever com base no material trazido pelo elenco. Muitas vezes me perguntei: que material? O material aparecia de forma bastante escassa, mas com o tempo passou a aparecer. O tema era interesante,  mas muitas vezes pensei ter errado na escolha, pois estava difícil "parir o texto toto". Mas finalmente o parto aconteceu e, aos poucos, com muita bronca (quando digo muito é muita mesmo) o espetáculo nasceu, com um resultado bastante satisfatório. Durante a temporada, me divertia muito assitindo. 

Além de tudo isso, este espetáculo me trouxe um presente. A loirinha baixinha à esquerda na foto. Quando digo que foi um presente, muitos de vocês não entenderão, mas no primeiro dia de aula esta menina queria desistir do teatro. Com muito custo, bota muito custo aí, consegui ajudá-la a acreditar em si mesmo e mostrar que era capaz de realizar um bom trabalho, desde que através de muito estudo e muita dedicação. Foi uma tarefa árdua e tive muitas vezes que ser mais duro que o comum, mas valeu muito, muito a pena. No último dia, recebi dela uma carta, que um dia transcreverei aqui. Só mesmo lendo para entender a emoção. 

Valeu muito a pena. E que venham outros!


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