[Foi assim:]
Recupero
minhas anotações deste sábado. Passo os olhos por cima para ver se esqueci de
algo. Provavelmente terei me deixado de anotar coisa importante. Sou um pouco
“Adélia esquecida”. Confesso que não sou muito visual. Adélia também não. A
menina sempre esquece alguma coisa antes de sair de casa. Sou bem assim. Tal
característica não deixaria de se apresentar neste registro.
Nosso
sábado começou bem nutrido pela história cantada por Ana Lu. Ah, Adélia.
Tão Varlei essa menina. Tão Varlei que esquece tudo, mas não o afeto. Linda
história, que aqueceu meu coração. Ficaria o dia inteiro ouvindo as histórias
da Mestra. Quero ser assim quando crescer.
Pronto,
já esqueci algo que veio antes da história. Varlei esquecido. A conversa sobre
o violão. Quando Ana Lu pegou o violão para afinar, um colega de turma pensou
alto: “A gente poderia aprender.” Ouvimos de Ana que podíamos sim aprender, mas
a pesquisa do violão era uma outra viagem, viagem de uma vida inteira. E que
quanto mais recursos forem postos numa história, mais seguro se deve estar de
cada um deles e estuda-los isoladamente. “Cuidado para não subir ao seu nível
de incompetência.”, frase que Ana Lu ouviu quando pequena e que vale a pena
refletir sobre.
Relatórios
entregues, reflexão e devolutiva das análises. Parece que alguns colegas
assistiram coisas “não tão legais”, diria eu. Voz colocada de forma inadequada,
falta de nuance na narrativa. “O texto tem que criar forma na boca do
contador”. Isso muito ainda me falta. “O contador deve estudar, estudar e
estudar.”. Ana é um exemplo de disciplina. Estuda e pesquisa tanto que
dificilmente sobe ao seu nível de incompetência.
Sinto
que a fala já ecoa no trabalho que venho desenvolvendo, mas ainda falta muito
para que os ecos internos se apresentem externamente na hora da história.
Trabalho, muito trabalho então, para que isso possa surtir efeito.
Sobre
as interrupções, interferências e participações. “Se a criança levantar o dedo,
ela está toda na sua.” Existem várias formas de participar. Ouvir e acompanhar
é também uma baita interação. Não é preciso o tempo todo incitar e pedir que
participem, até porque às vezes a participação será tão intensa que a narrativa
se perde. Achar este meio termo entre não ignorar a criança no ato da história
e não superestimar a participação é uma habilidade que o curso não nos dará. Só
a experiência. E quando perder o fio por causa da participação, uma boa maneira
de retomá-la é perguntar: “Onde é que a gente tinha parado mesmo?”. Outra
informação importante: às vezes, conversar antes da história é uma boa forma de
esvaziar o público, para preenchê-lo com a narrativa.
Muito
cuidado com a maneira que se prepara o público para a história. Preciso me
atentar a isso. A preparação é para o que vem. Não adianta aquecer com uma música
hiper agitada se a história pede sensibilidade. Atenção também para os recursos
visuais, figurinos e similares. Tudo precisa estar conectado à narrativa. Caso
contrário, são estímulos desnecessários, que desviam a atenção dos ouvintes.
Não se pode, ainda, ter dúvidas da sequência das ações.
Paramos
para o lanche e lá fomos nós para a conversa regada a sucos, bolos e tortas.
Parte
dois. A Estrutura da Narrativa – A Jornada do Herói. Segue imagem interessante
e que resume com qualidade minhas anotações mais técnicas.
Conhecer
a história. Ler algumas vezes em voz alta e depois abandonar o texto. Dividir a
narrativa em sequência de ações, com nomes claros e óbvios. Já estou, de certa
forma, fazendo isso quando uso os mapas mentais. Dar cor, cheiro e som à
unidade. Estudar separadamente como contar cada unidade e ir juntando todas
elas aos poucos.
Ana
disse que alguns autores defendem que a matéria prima do contador de histórias
é o conto popular e não o conto de autor, ponto final. Ana respeita, discorda e
eu também. Esses acadêmicos, catedráticos, cheios de suas teorias, mãos no
queixo e análises disso e daquilo... Lembrando Veríssimo e colocando-o neste
contexto: “A gramática tem de apanhar todo adia para saber quem é que manda.”. E
que a teoria sirva e potencialize a prática sempre.
Muito
mais coisa foi dita, decerto, mas Varlei Esquecido deixou de anotar. Vale,
contudo, transcrever minha última anotação feita durante a aula:
“Esqueço
de anotar pelo magnetismo da professora.”
Era
hora de reunirmos em grupo e conversarmos sobre a escolha de nossa história.
Tudo estava nebuloso, até que nossa amiga Angélica abriu um de seus livros e
nos leu “João Bobão e a Princesa Chifruda.” A história tinha tudo aquilo que
procurávamos. E chegamos a um consenso. Não vejo a hora de começar a ensaiar.
Corremos para arrumar
as coisas e ir rápido para São Caetano, ouvir a contação de O Grifo, que nossa professora
faria no SESC. Antes disso, fomos capturados pelas narrativas de nossos amigos.
Duas lindas histórias. “Era disso que eu estava sentindo falta.”, completei.
Sugeri que fizéssemos isso todos os sábados, após o curso. Certamente será
muito enriquecedor.
Corremos
para São Caetano e chegamos em cima da hora para assistir a narração de O Grifo, história que Ana ouviu
da mãe, que ouviu da avó, que ouviu da bisavô, que ouviu da tetravó. Linda
história, não vou elogiar outra vez, pode parecer que estou puxando demais o
saco. Saímos de lá, Raquel, Cláudia e eu, nas nuvens, nem lembrávamos de onde
havíamos colocado meu carro, ficamos um bom tempo andando e procurando. Daria
uma narrativa atrapalhada. Quem sabe um dia escrevo. Era quase cinco da tarde,
hora de almoçar. Almoço tardio, que valeu a pena sê-lo pelo agradável dia que
tivemos.
[... e assim foi.]
E segue uma contação de Giba Pedrosa, que todo mundo adora:
E segue uma contação de Giba Pedrosa, que todo mundo adora:
Um comentário:
Ameiii!!! Como sempre nos fazedo reviver a aula!!! Bj e até sábado!!!
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