terça-feira, 29 de julho de 2008

Papo longo e bom como deve ser e outras cositas...

1.
Muito tempo, que foi pouco, pois passou rápido pela qualidade da conversa. Há tempos não batia um papo tão legal. Não pelos assuntos em si, ambos um tanto desagradáveis, mas sim pela troca de informações e conselhos e pela disposição em ouvir.
É muito bom ouvir histórias, porque percebemos que muitas vezes estamos reclamando de barriga cheia. É exatamente assim que eu estou me sentindo. Reclamando por nada, ou quase... Tendo em vista o que eu ouvi...
Estamos aí para o que der e vier e o que precisar ser feito. Nem que seja ouvir, viu! Conte comigo sempre. Sei que também posso contar!
Força, Ju! Boa sorte!
2.
Para a Anininha! (Que só vai ler depois da estréia)
Querida, estou muito orgulhoso de vc. Muito mesmo. Você não sabe o quanto cresceu nestes últimos dias. Você ainda pode muito mais. É só acreditar em você! Quando você acredita as coisas acontecem. Espero vc no BRINQUEDO TORTO para tomar mais bordoadas. Eu sei que você gosta! Te faz bem!
3. O CEGO
"Os operários trabalham. Não sei onde está o chão. A casa está mais bagunçada do que nunca. Encontrei um celular em baixo do travesseiro. Que número discar?Talvez por socorr. Alô, Emergência! Eu sou cego. Estou na minha cama, que deve estar muito alta, pois não encontro o chão. Tem uns operários trabalhando por aqui e eu estou preocupado porque eles andam fazendo muito barulho. O que? Você também? Não sabe que altura está a cama? Quantos operários? Demoliram a casa? Muito barulho? Não sabe o que fazer? Nem eu... Poxa vida, eu te pedindo ajuda e você precisando mais do que eu..."

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Sem inspiração

Quase quatro da manhã e não escrevi nada. Ou quase nada. Não posso dizer que a noite foi de toda perdida porque conversar com amigos pelo msn nos ajuda quanto estamos sem inspiração. Valeu, Ju! Valeu mesmo!

Tem uma cena que eu não consigo fazer sair e está travando todo o processo de dramaturgia! Droga!
Já que estou sem inspiração, vamos ao cego!


"Esta noite os operários passaram da conta. Não me deixaram dormir e passaram a madrugada inteira trabalhando. Pensei em ligar para a polícia para fazê-los parar de trabalhar. Mas estou na cama, que está muito distante do chão; tenho medo de descer. Mudaram a posição dos móveis, não sei onde está o telefone. Não adianta, não tenho celular. Sou um cego avesso a tecnologias. Não consigo nem pensar por causa do barulho. Os passarinhos não cantam, mas ao longe ouço música. Parece que há uma festa. Gostaria de participar. Mas estou na cama... Parece que ouço palmas lá fora. Ou será o trabalho dos operários? Não. Parece que me chamam. Talvez seja ajuda. Como descer da cama?"
Quem não tem cão, caça com gato, né? Não saiu o Pimienta, sai um pouco mais do cego...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Escrever...

Faz pouco mais de um ano que optei por assumir minha tendência à escrita. Uma hora é preciso voltar às origens, não é mesmo?


Desde que comecei a escrever as primeiras letrinhas do alfabeto, venho produzindo poemas, contos e crônicas e romances. É óbvio que olhando para trás e analisando a qualidade literária destes escritos fico rubro de vergonha. Felizmente não é qualidade que estou discutindo aqui hoje. Mas o fato é que entrei para faculdade de Letras porque gostava de escrever; comecei a fazer teatro por causa da poesia e pelo trabalho dos Trovadores Mirins. Acho que era inevitável. Uma hora isso ia acontecer...

Desde o ano passado resolvi me aventurar nas terras desconhecidas e selvagens da dramaturgia, ou literatura dramática. O pior é que gostei. Se bem que gostar não é a palavra mais apropriada. Digamos que eu gostei do resultado. O retorno do pessoal no dia da primeira leitura do Vermelho Esperança e depois o prêmio fizeram-me assumir este desejo e este compromisso de escrever peças para os meus grupos.

Como acabei de dizer, não sei se gostar é a palavra mais apropriada para o que sinto quando escrevo. Porque escrevo com uma certa angústia. Um certo medo, um certo desespero em cumprir os prazos que estipulo para mim mesmo e para os grupos. Isso às vezes dói um pouco quando olho para a tela do computador e vejo uma folha vazia esperando para ser preenchida e sinto minha cabeça tão vazia quanto a folha. Não é fácil este sentimento. Mas foi uma opção minha da qual não me arrependo. Muito pelo contrário, tenho orgulho disso. Mas na hora dá uma dor. Ver o tempo passando e sentir que falta pouco para o término do prazo também dói bastante, mas também motivam.

Todos são processos dolorosos e gratificantes: atuar, dirigir e escrever. Cada um com sua dor característica. Impossível precisar qual a dor maior. Mas creio que escrever é a dor para a qual eu estou menos preparado, embora seja entre todas a arte com a qual convivo a mais tempo. Curioso, não?
Mas simbora que o tempo está passando e mais uma madrugada de trabalho criativo vem aí. Antes, mais um episódio de O CEGO! Aproveitando a verdade a partir de agora para fazer ficção. Vamos ver no que dá:

"Acordei esta manhã com os cantar dos passarinhos. Mas ainda parecia escuro. Digo isso porque não senti luminosidade sobre meus perdidos olhos. Os passarinhos pareciam me chamar para fora, mas meus pés tinham medo de tocar o chão desconhecido da casa desarrumada. Minha vontade era a de sair correndo até lá sem medo do que pudesse acontecer, mas meus pés não encontravam o chão embaixo da cama. Tive medo de pular, pois não sabia a altura onde eu estava. Quando decidi descer, o cantar dos pássaros cessou. Não adiantaria mais sair da cama. Ainda não sei a altura. Tenho medo de pular. Será que amanhã voltarão? Terei coragem de pular? Droga! Acabaram de voltar os operários..."

terça-feira, 22 de julho de 2008

Resposta...

Caiu em minha caixa de e-mail um comentário, que foi excluído, mas que merece resposta.

Estou falando de pseudo-artistas, ou artístas muito ruins. Nunca diria isso de você e de seus textos. Mesmo se fossem ruins e tivessem graves erros, o que não acontece. São bons, são dúbios, são metafóricos e às vezes incomodam como as obras de arte o fazem. Nunca faria isto, não publicamente, não dessa forma. Isso não tem a ver com seus textos. Você está no caminho e adoro ler os seus escritos, embora me instiguem, incomodem, até preocupem ás vezes. E quero continuar vendo, me instigando...

Percebe como às vezes é difícil entender completamente um texto metafórico? É como se jogássemos batalha naval. Muitas vezes os tiros são na água. Quantos tiros a água já não dei...

Mais uma dose de metáfora:

O cego está sozinho. Não há para quem dar a mão. O cachorro fugiu, a arrumação sumiu, aparentemente. Não há sequer outro cego por perto. Os operários seguem trabalhando, mas são surdos. Não há como estabelecer contato. Ao longe ouve-se música, mas ao longe, talvez uma festa. Os operários seguem trabalhando. Talvez estejam cantando, mas são surdos. Parece que também mudaram o caminho até a casa. Acho foram os operários. Pedir informação para eles? Os operários são surdos. Sabem porque trabalham, mas nunca respondem. Nonguém sabe, só o dono, não eu... Ouve-se música ao longe. Onde está meu tato? Sei que há música ao longe, e os operários trabalham, mas não adianta perguntar. Eles nunca respondem. Creio que não é à toa que mandaram operários surdos para a obra, dono sacana. O cego sente o desabrochar da flor. Talvez seja a primavera, mas ainda é frio. Mas onde está meu tato? Há música tocando ao longe, os operários trabalham sem responder. Quando vai terminar a obra? Informações em braile. Mas onde está meu tato?Os operários são surdos e não vejo a cor da flor. A música lá fora continua..."

Quem passou por aqui? Passou alguém? Não vi. Estou cego...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Raciocínio abstrato, quem sabe...



Começo neste instante a fazer uma descarga de emoções, pensamentos e raciocínios abstratos sem qualquer intenção de torná-los, ou não, literários. Quanta gente por aí se acha capaz de produzir obras primas se coloca como o tal e produz textos fracos, pobres, com rimas horríveis, quando há e imagens pobres, quando existem? Pior, cometem graves erros de ortografia. E olha que de purista eu não tenho nada, mas certas coisas dão dó. Realmente dão dó.



Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Não sou nem Machado de Assis nem Paulo Coelho (perdão aos fãs), não tenho a intenção, pelo menos aqui, de produzir bons textos. Na verdade ninguém vem aqui, desta forma, estaria dando pérolas aos porcos. Por isso, quero usar este espaço para meus raciocínios abstratos. Quem sabe isso não me faça bem. Afinal, preciso soltar a criatividade porque daqui a pouco eu inicio mais uma maratona de dramaturgia do GRAN CIRCO PIMIENTA. Ali sim tenho de arrebentar. Mas por enquanto o negócio é aqui.



Um cego se guia dentro de casa pela posição dos móveis. Decorar a posição deles é caminhar tranquilamente pelo espaço, seja ele qual for. Sou cego e estão mudando a decoração da minha casa. A decoração pode ficar mais bonita, mais funcional, mas aconchegante. Mas como é que vou dar alguns passos dentro do recinto? Principalmente os primeiros... Justo eu, que sou cego. Sempre tive medo de dar o primeiro passo em ambientes desconhecidos. Quando saio à rua, é acompanhado de meu cachorro. Onde está o cachorro? Ah, sim! Está debaixo da cama... Mas mudaram e posição dos móveis. Onde é que está a cama? O quarto está mais longe. Me guiar pelo som? Pelo latido? Há muitos operários trabalhando no recinto. O barulho está grande... Falar com eles? Não posso... São todos surdos... Quando virá a primeira topada?




domingo, 20 de julho de 2008

Frases que de alguma forma fazem algum sentido

"Ah troço de louco,
corações trocando rosas
e socos"

Paulo Leminski

"E se eles querem meu sangue, terão o meu sangue só no fim
e se eles querem meu corpo,
só se eu estiver morto,
SÓ ASSIM"
Letra do Cidade Negra

"There´s a hero if you look inside your heart
You don´t have to be affraid of what you are"

"Lord knows, dreams are hard to follow,
but don´t let anyone tear them away"
"Hero" Mariah Carey

"It's a little bit funny this feeling inside
I'm not one of those who can easily hide
(...)
Anyway the thing is what I really mean
Yours are the sweetest eyes I've ever seen"
Your song - Elton John


Num momento em que as pessoas estão buscando caminhos e alternativas para a solidão, a dança é a grande resposta. Quem dança é mais feliz, disso não tenho dúvidas!”
Jaime Arôxa

"?Grande Resposta... ?"
Estou percebendo que é verdade.

"Na mudança de postura a gente fica mais seguro,
na mudança do presente, a gente molda o futuro!"
Até quando? - Gabriel o Pensador

quarta-feira, 16 de julho de 2008

De férias, até a página 2

Mais uma vez eu aqui, de férias, até a página dois, descansando escrevendo e dirigindo. Pode parecer estranho, mas estas são as minhas férias. Dormindo super tarde porque é de madrugada que gradativamente o GRAN CIRCO PIMIENTA vai nascendo, acordando quase às 13:00 ou mais, e em ensaios frenéticos do espetáculo O COMPANHEIRO, que estréia dia 02/08.

Assim sou eu, um cara que desncansa trabalhando e que não desliga nem quando está desligado. Isso é bom e ruim ao mesmo tempo, mas isso é Varlei Xavier. Não há muito o que fazer em razão disto.

Recentemente conheci um pessoal gente finíssima. O pessoal da Escola de Dança Jaime Arôxa Unidade Liberdade. Estou dando aulas de teatro para este pessoal que dança muito e que dá inveja quando vejo eles dançando. Daqui até Março, todos os domingos, pego um trem e um metrô ouvindo mp3 pelo celular até chegar ao bairro nipopaulistano onde está a escola. Mais um trabalho desafiador. E lá vamos nós!

Gran Circo Pimienta armando a lona. Estou entrando num período de crise. Estou com dificuldade para subir alguns mastros e colocar a lona em ordem, mas vai ficar bonito. Quem tem visto a armação da lona tem gostado. E é assim que vamos...

O coração anda confuso. Mais confuso do que nunca... A vontade de jogar tudo pro alto, esquecer, sumir pra marte sem data de volta se confunde com carência, saudade, vontade de estar perto, de ouvir e falar demais... Algumas irritações, muito, carinho, palpitação no coração, vontade de me desprender, ou me prender de fazer qualquer coisa que não seja ficar como estou. Queria mesmo era tocar um "never mind" e partir pra outra. Mas quem diz que é fácil.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Com a mão na massa, com a faca e o queijo na mão

Férias merecidas. Descanso necessário. Saudades do Brinquedo Torto, Cia Flicts, do Grupo do Luiz Blanco e do processo com o Peixe Vivo, que está em atividade sem mim, sob os cuidados de minha pupila Pâmela. É importante saber a hora de parar, descansar e dar uma respirada. Afinal, parar depois que o estresse chegou não vale a pena.

E aí, vem a pergunta aparentemente óbvia: Descansando muito? De papo pro ar?

Ledo engano. Em plena atividade. Férias com a mão na massa, com a faca e o queijo na mão.

O trabalho com o Faz-me rir (Grupo da ENT) está a todo vapor, já que a estréia é dia 02/08. Os ensaios se intensificarão a partir dos próximos dias. Além disso, acabei de terminar a dramaturgia de O COMPANHEIRO, peça do Faz-me rir e já estou mandando brasa no Gran Circo Pimienta, da Cia Flicts. É um texto difícil de escrever, mas está muito prazeroso. Até agora é meu maior desafio dramatúrgico, mas acredito estar me saindo bem. Tenho ainda alguns dias para trabalhar. Até o final do mês e das férias, mais especificamente falando.
Isso talvez fosse o suficiente, mas não me contento com pouco. Neste domingo, acabei de começar um novo trabalho deveras desafiador: Assumi um novo grupo, formado por dançarinos da escola de dança de salão do Marco Kina, filiada à escola de Dança Jaime Arouxa, na Liberdade, em São Paulo. Vou montar um espetáculo com um grupo de dançarinos que desejam melhorar a expressividade ao dançar. Um grupo só de adultos. Baita desafio para mim, que estou acostumado e completamente à vontade no meio de um monte de pestinhas, pelos quais sou loucamente apaixonado. Basta? Não. Hoje acabei de receber mais uma proposta de trabalho. Um outro grupo, também formado por adultos, cujos detalhes revelarei logo logo, caso dê certo.
Agora sim está bom. Ou seja: Férias até a página dois. Trabalhando muito, mas com a devida dose de descanso e preguiça, saudáveis no mês de julho (com este frio). Tenho tudo para me dar bem nas coisas que estou fazendo. É só cortar o queijo direitinho e trabalhar a massa direito deixando-a no ponto. E que assim seja!














Foto de Gran Circo Pimienta - Espetáculo da Cia. Flicts - Aguardem!