quarta-feira, 23 de julho de 2008

Escrever...

Faz pouco mais de um ano que optei por assumir minha tendência à escrita. Uma hora é preciso voltar às origens, não é mesmo?


Desde que comecei a escrever as primeiras letrinhas do alfabeto, venho produzindo poemas, contos e crônicas e romances. É óbvio que olhando para trás e analisando a qualidade literária destes escritos fico rubro de vergonha. Felizmente não é qualidade que estou discutindo aqui hoje. Mas o fato é que entrei para faculdade de Letras porque gostava de escrever; comecei a fazer teatro por causa da poesia e pelo trabalho dos Trovadores Mirins. Acho que era inevitável. Uma hora isso ia acontecer...

Desde o ano passado resolvi me aventurar nas terras desconhecidas e selvagens da dramaturgia, ou literatura dramática. O pior é que gostei. Se bem que gostar não é a palavra mais apropriada. Digamos que eu gostei do resultado. O retorno do pessoal no dia da primeira leitura do Vermelho Esperança e depois o prêmio fizeram-me assumir este desejo e este compromisso de escrever peças para os meus grupos.

Como acabei de dizer, não sei se gostar é a palavra mais apropriada para o que sinto quando escrevo. Porque escrevo com uma certa angústia. Um certo medo, um certo desespero em cumprir os prazos que estipulo para mim mesmo e para os grupos. Isso às vezes dói um pouco quando olho para a tela do computador e vejo uma folha vazia esperando para ser preenchida e sinto minha cabeça tão vazia quanto a folha. Não é fácil este sentimento. Mas foi uma opção minha da qual não me arrependo. Muito pelo contrário, tenho orgulho disso. Mas na hora dá uma dor. Ver o tempo passando e sentir que falta pouco para o término do prazo também dói bastante, mas também motivam.

Todos são processos dolorosos e gratificantes: atuar, dirigir e escrever. Cada um com sua dor característica. Impossível precisar qual a dor maior. Mas creio que escrever é a dor para a qual eu estou menos preparado, embora seja entre todas a arte com a qual convivo a mais tempo. Curioso, não?
Mas simbora que o tempo está passando e mais uma madrugada de trabalho criativo vem aí. Antes, mais um episódio de O CEGO! Aproveitando a verdade a partir de agora para fazer ficção. Vamos ver no que dá:

"Acordei esta manhã com os cantar dos passarinhos. Mas ainda parecia escuro. Digo isso porque não senti luminosidade sobre meus perdidos olhos. Os passarinhos pareciam me chamar para fora, mas meus pés tinham medo de tocar o chão desconhecido da casa desarrumada. Minha vontade era a de sair correndo até lá sem medo do que pudesse acontecer, mas meus pés não encontravam o chão embaixo da cama. Tive medo de pular, pois não sabia a altura onde eu estava. Quando decidi descer, o cantar dos pássaros cessou. Não adiantaria mais sair da cama. Ainda não sei a altura. Tenho medo de pular. Será que amanhã voltarão? Terei coragem de pular? Droga! Acabaram de voltar os operários..."

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