segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Entrevistas pelo MSN



Inicio uma nova série hoje. Vou começar a entrevistar pessoas ligadas ao teatro ou à educação pelo MSN. Começarei por pessoas próximas e, quem sabe, se der certo, vou ampliando o trabalho. Vamos ver no que dá. 

A idéia principal é buscar pessoas que tenham o que dizer para pessoas que queiram ler. Como sabem, poucos posts neste blog são curtinhos. Não importa e idade, o mais interessante é o que elas tem (sem acento, de acordo com a Nova Ortografia) a dizer. Outro objetivo é deixar a
 conversa com a mesma informalidade do msn, tirando os miguxismos, obviamente. 

O primeiro entrevistado (e cobaia) desta série é Renato Mendes. Renato tem 18 anos, acaba de concluir o Ensino Médio e pretende prestar 
Artes Cênicas na USP em 2009. Atualmente, estuda na ENT (Escola Nacional de Teatro), onde já foi meu aluno. Quem quiser conferir o trabalho de Renato tem as seguintes oportunidades: 

17 de Fevereiro (Festival de Cenas Curtas da Escola Nacional de Teatro)
Março ("Na selva das cidades")

Na entrevista, Renato fala de como casualmente iniciou sua carreira no teatro, da influência de seus professores, de sua decisão de ser ator e da repercussão dessa decisão no meio familiar e de seu futuro na profissão. Espero que gostem. Foi muito divertido fazer.


 

  

Varlei Xavier diz:

Conte-me sobre sua primeira experiência com arte. A primeira experiência artística que lhe marcou.



Renato Mendes diz:

Bom, como todo professor de português gosta de brincar de dramaturgo (sem analogias a ninguém), na segunda série, fiz uma peça sobre um livro mágico, onde as personagens de vários contos "pulavam" para a realidade. Fui o Simba ("O Rei Leão"). Mas não acho que posso chamar de "marcante". Gosto de lembrar porque foi meu primeiro contato com o palco.Me decidi a fazer teatro mesmo em 2005, quando minha professora de português (sempre eles) pediu que nos dividíssemos em grupos, e interpretássemos trechos de histórias que elas nos deu.Eu e um amigo, que ingressou nessa vida comigo, montamos uma história sobre um lobisomem. Eu era um velho, que aparecia no bar e contava aos forasteiros sobre tudo o que aconteceu. Eu conversava com a platéia, enquanto o grupo fazia o que eu narrava.

Menos de um mês depois, eu e esse meu amigo de quem falei, procurávamos aulas de street dance. Por uma informação errada da moça do departamento de eventos, invadimos a aula de teatro. Paramos para assistí-la. Ao fim. o diretor nos convidou pro grupo, onde faltavam, quem diria, dois atores


Renato Mendes diz:

e foi assim


Renato Mendes diz:

vou tentar ser mais breve nas próximas respostas


Varlei Xavier diz:

NÃO SE PREOCUPE. ESCREVA O QUANTO QUISER.


Varlei Xavier diz:

Então, de certa forma, parte de sua formação ou de seu interesse por teatro partiu inicialmente de seus professores?


Renato Mendes diz:

Acho que sim.Se não fosse esse último trabalho em grupo, acho que não teria me dignado a ver o ensaio, e voltaria a procurar street dance. Nunca cheguei a fazer aulas de street dance...


Varlei Xavier diz:

O acaso... hehehehe


Renato Mendes diz:

Com certeza. Inclusive o conveniente erro na informação da atendente do evento... Muito acaso


Varlei Xavier diz:

Acha que era seu destino?



Renato Mendes diz:

Sou agnóstico, então não tenho certeza nenhuma quando se fala em destino e obra "maior". Mas, principalmente com teatro, as coisas sempre aconteceram de forma bem inusitada.


Varlei Xavier diz:

Certo. E exatamente quando vc decidiu que aquilo seria mais do que uma diversa?. Em que momento vc decidiu fazer disso uma carreira, uma profissão?


Renato Mendes diz:

Eu não tinha nada definido. O teatro era só um hobbie. Daí, de novo pelo "acaso", eu meio que "caí de paraquedas" na ENT, junto com esse meu amigo. Lá, eu decidi que era no teatro que eu estava, e que disso eu não ia sair. Infelizmente, pro meu amigo, foi o contrario, e ele, lá, desistiu de teatro.



Varlei Xavier diz:

E como sua família reagiu quando soube dessa sua decisão?  Houve alguma mudança de opinião dele de lá para cá?


Renato Mendes diz:

Minha família é toda, toda mesmo, de advogados. Meu pai, minha mãe, meus 3 tios, minhas 5 tias, e meu saudoso avô. Mais meus dois primos e meu irmão, que estudam direito. Minha mãe diz que não aprova, mas que não vai me impedir. Meu pai deixou, desde que ele não tenha que me sustentar. Meu irmão acha que é só pra ser "do contra", e que eu ainda mudo de idéia. Minha tia acha lindo, e vive dizendo  que um dia ainda vai me ver na Globo...


Varlei Xavier diz:

E o que vc pensa a respeito do que sua tia diz?



Renato Mendes diz:

Não quero tv. Se "acontecer", não sou louco de recusar cachê de "global". Mas não é isso que eu busco, não é isso que eu quero. Mas pra que dizer isso pra minha tia, e desiludir a coitada? hehehe



Varlei Xavier diz:

hahahahahaha



Varlei Xavier diz:

E o que você busca no teatro? O que vc realmente pretende fazer? Quais são suas perspectivas de trabalho?


Renato Mendes diz:

Eu quero teatro. Disso eu sei. Mas "o que" no teatro, não tenho tanta certeza. Adoro atuar, seja em arena, brincando com a platéia, seja com a quarta parede em um drama, seja como for. Mas eu tenho uma paquera de longa data com a cadeira de diretor... Em todas as peças de que participo, eu penso coisas que eu mudaria se estivesse no comando. Isso eu pretendo decidir na faculdade, aprendendo um pouco dos dois, e vendo em qual que eu me encontro


Varlei Xavier diz:

E como seria o diretor Renato Mendes?



Renato Mendes diz:

Com certeza, seria um puta facista...


Renato Mendes diz:

Não do tipo que não aceita idéias, mas do tipo que não pensa duas vezes antes de jogar um sapato na cabeça do ator que esquece as falas


Varlei Xavier diz:

Entendo...Então vc acredita que a pressão é importante para o trabalho do ator? Que ele rende mais se o diretor, de certa forma, o pressiona?


Renato Mendes diz:

Pessoalmente, sempre trabalhei melhor sob pressão, não só no teatro. Mas acho que isso varia muito de ator para ator. Tem alguns que precisam de mão na cabeça toda hora. Mas eu não teria paciência pra esses...



Varlei Xavier diz:

E como vc faria se pegasse um desses pela frente?



Renato Mendes diz:

Seria um  problema. Acho que cada um sede um pouco. Já trabalhei com diretores mais calmos, e senti falta do safanão na orelha. Mas aprendi a conviver com isso. Não se encontra só gente fácil de se trabalhar, e é aí que está a graça.



Varlei Xavier diz:

Examente. O que você diria para jovens que, assim como vc, escolheram ou escolherão este caminho, o do teatro? Principalmente com aqueles que não contarão com o apoio dos pais e enfrentarão grandes obstáculos dentro da própria família?



Renato Mendes diz:

Difícil, essa. Acho que diria pra tentarem. Tente, faça uma peça ou duas, veja se é isso mesmo que você quer, e se for, não pare por força alguma. Uma amiga, com quem já atuei, e posso dizer, uma das melhores, foi "cortada" pelo pai, e hoje abandonou o palco, e caminha rumo ao exame da Ordem.


Varlei Xavier diz:

Vc sonha em montar uma peça em especial? O espetáculo dos seus sonhos?


Renato Mendes diz:

O Cego E O Louco


Varlei Xavier diz:

Fale um pouco sobre o texto e os motivos que o fazem querer montá-lo. Diga também se pretende atuar ou dirigir.


Renato Mendes diz:

É um texto escrito por uma mulher, lá na Bahia (droga, não lembro o nome dela). É do ano de 2000, ou 2002(também não lembro). A peça se passa na sala de um apartamento, onde dois irmãos vivem juntos. Um deles é cego. Os dois ficam devagando sobre a vida, e esperando a visita de uma garota que nunca chega. Se você não se incomoda que eu conte o final, o louco morre e o irmão cego já estava morto a seis anos, vivendo só na cabeça do louco (que era cego, mas não sabia)...


Varlei Xavier diz:

Sensacional


Renato Mendes diz:

Vi uma montagem em tele-teatro que a tevê cultura produziu, com aquele ator que interpretou o Jamanta na Globo (sou horrível pra lembrar nomes) interpretando o cego. Primeiro eu fiquei pasmo de ver a interpretação dramática dele em uma peça, não achava que ele era tão bom pelo que vi do "Jamanta não morreu". Com certeza, essa é uma para se atuar, e como o Cego


Varlei Xavier diz:

O ator em questão é o CACÁ CARVALHO



Varlei Xavier diz:

Para terminar, uma pergunta difícil.



Renato Mendes diz:

Oba



Varlei Xavier diz:

Gostaria que você falasse sobre você, mas daqui a 10 anos. O que você estará fazendo daqui a 10 anos e o que você já terá feito?


Renato Mendes diz:

Espero já estar formado, e com DRT na mão. Isso em uns 5 anos. E em 10... Pode não ser uma grande ambição, como hollywood, ou tv globo, mas gostaria de estar no teatro. Atuando, dirigindo, não importa. Mas quero estar fazendo o que eu amo, não sei que peça, não sei se no Teatro Abril, ou no projeto social do SESI, mas trazendo para o público algo de que eles vão se lembrar por uns 10 anos...

 



OFF (MUITO BOM. TINHA QUE COLOCAR ESSA)

 

Varlei Xavier diz:

nossa! muito bom! muito mesmo!pode me mandar a conversa na íntegra?


Renato Mendes diz:

hehe, valeu


Renato Mendes diz:

já desligou a camera?


Renato Mendes diz:

posso peidar?


Varlei Xavier diz:

huahahauhauhaahuahuah


Varlei Xavier diz:

pode sim

 

4 comentários:

Lívia Lunardi disse...

NOOSSAAAAA!!!

SIMPLESMENTE A-D-O-R-E-I-!!!

é claro que como amiga do renato eu já sabia a maioria das respostas... rsrs mas foi mto divertido ler!!

que chique essa entrevista!!!
gostei mto varlei!!!

opa! quero participar tb!! =P

=D =D =D

Anônimo disse...

Putz...
Num é que ele colocou mesmo o "Posso Peidar"?
HAHAHAHAHAHAHAHA

Espero ter correspondido as espectativas.
Um abraço.

Varlei Xavier disse...

Orra!

Sensacional!

Flávinha disse...

Maravilhosoo...


adorei essa ideia de entrevistas pelo msn..

adoro o trabalho do tchucOO...

e Reeee peida bastante....você pode..
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amo vcs^^