segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ecos do CAT (Aula 19)

Referências de hoje: "A função da arte" de Eduardo Galeano

Músicas: "Trovoa" e "Um dia útil"

Começam sons. Somos deitados no solo. Cerram os olhos e parto. Divago, vagueio por terras imaginárias de dunas altas e flautas dissonantes. Me ajudo a olhar e rir do dia útil e questionar-me o mesmo que a canção pergunta.

Doce sabor de som. É bom e não dói, por hora. Experimento.

Rebeca em cena. O teatro a fez ver o mar com outros olhos. De Camaçari a Aracaju, de Aracaju ao Rio. E de lá para São Paulo com pena, dor, ira, horror. E o ridículo do humano constrange a criança quando zomba do sotaque em cada canto que passa, sem descobrir nem perceber que é bela a canção que toca a voz de cada região. Diversidade é riqueza que se tem de orgulhar.

Quem disse que o teatro não salva? Salvou uma menina do ódio mortal de Sampa, que de besteirete e biquíni. salvou também o grupo que perdeu quem quebrou o pé. O que seria de ti sem teu rebolado, menina?

Quem não gosta de São Paulo como tu? Quem odeia esta lógica desorganizada e caótica da cidade que te aceita, segundo teus olhos, como madrasta? Lógica caótica como a prática que escolheste como tua...

E a partir do mundo visto de dentro de seu Ford Ka vermelho, outra possibilidade vislumbra que não o grupo, que não mais lhe é caro pelos traumas que lhe causou a prática com o tal famigerado...

E assim, sapateia feliz e só em busca de novos ares e novos mundos a menina sonhadora, sem sapato mas de meia vermelha, cor da paixão, vermelha também como seu Ka, de olhos abertos para São Paulo.

O Peregrino Well cerra seus olhos e conta. Vem e volta do Sul a São Paulo e vice-versa. Desde pequeno é tropeiro. E de lá para cá busca onde se encontrar até chegar em Taubaté. Na batalha de juntar dinheiro para buscar a vida lá longe, o mundo e suas ironias tiram-lhe o sonho. Silenciou-se por dois anos a poesia até que um surto devolveu-lhe a vida.

Enquanto fala, seus pés inquietos tiquetaqueiam no chão. Os dedos mantendo-se por iniciativa privada própria em constante movimento, carregam-lhe a força de sua vida. Um Mazzaropi moderno, simpático e belo como o ser do interior. E na deliciosa ingenuidade caipira de nhô-sartre reflete sobre as agruras da relação interpessoal: "num é comigo o problema...".

O mundo precisa é dessa ingenuidade, dessa verdade doce e alegre de eterno caipira-menino-biu, que dubla Juninho e tira em primeiro sozinho. Canta Colombina canta, menino, enquanto a menina sapateia. E chega de malmequer.

Vamos à casa de Priscila. Local de rituais sacroprofanos. Todos os santos estão a nos esperar. Sua casa é grande como a região metropolitana. O ABC dos santos junto com a intercessão das divindades da megalópole recebem-nos com o aconchego de mãe. No lavapés purifico-me, a caninha me acalanta e escrevo uma oração.

Entre flores e espinhos, reflito sobre meu ser e meus caminhos. Só agora os vi como pregos. Agora vou buscar um pouco de papo entre os meus. Porque poesia é troca e conversa boa tem o lirismo dos grandes mestres.



quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Ecos do CAT (Aula 18)

Desde pequeno tenho paixão por palavras. Desde as mais simples que aprendi a escrever nas cartilhas do pré-construtivismo como casa, ovo, bola, àquelas mais complexas como embuste, engodo, incólume, etc. Sempre fui fascinado pelas palavras. Seja por sua aparência, sua sonoridade, sua carga semântica e sua história. Mas tenho de concordar que certas coisas fogem ao domínio das palavras. O que é a palavra senão um signo de algo que existe, seja no plano mental, concreto, imaginário ou o que quer que seja? E como encontrar palavras para algo que não se sabe o que realmente é. Se não se sabe, não há precisão na descrição e não há palavra. Acho que estou divagando e deve ter gente maluca por aqui para saber o final da história. Eu sempre me alongo aqui, mas após dois dias sem dormir direito e um dia praticamente sem comer, o que valeu muito a pena, enquanto reflito aqui, o corpo e a mente pedem descanso. Então vamos lá: 

Cheguei correndo e quase me atrasei para a aula do Lincoln. E confesso que minha cabeça estava longe. Ainda assim, chamava-me o tempo todo à atenção. Não creio ter prejudicado a aula, tampouco me prejudicado. Estava muito preocupado e fiz a aula com um olho no peixe e outro tentando visualizar ao longe os gatos, que vadiavam pela rua... 

Cantamos e tentamos experimentar nossas colunas. Não foi como na aula da Tica, afinal, somos calouros e conhecemos verdadeiramente nossas colunas só agora. Senti um clima um tanto pesado na aula e preocupei-me. Minha amiga carioca Tathiane Matos fez um desenho na parede enquanto cantávamos a música do Emerson. Olhei para aquilo e vi que dava liga com minha instalação. 

A Leitura do Diário de Bordo feita pelo Majó foi incrível. Em todos os sentidos. 

E então, entro no reino do indizível, fora do domínio do País da Gramática. E que não é também da Imagem ou do Som. É de algo que só se sente e que eu não sei mesmo explicar. Vou descrever friamente: 

Meus meninos foram em peso. Estava com medo de não vir ninguém e vieram 13. Nossa! Para mim, a instalação foi ali. Aquela foi a instalação que eu vivi. Eu não sabia o que dizer. Apenas repetia comigo: "como eu amo esses cavalinhos..." até os menores estavam lá. E não estavam sozinhos. Estavam por eles (Brinquedo Torto), Peixe Vivo, Trovadores, Poesia de Corpo Presente, Cia do Abraço, Trup´stranha, Trupequenos, tanta gente...  Combinamos o que fazer: Utilizaríamos o desenho da Tathi como mote para uma imagem. E assim foi, após uma atividade com fotos de mais de 10 anos de trabalho, os CATdráticos conseguiram encontrar a Pamela pequena de 2000 e a 2011 em duas fotos distintas. Abri a porta para eles e ouvi, vi e senti o espanto deles quando viram que meus meninos eram a instalação. Sim, era eles, o teatro que eu acredito estava ali, a coisa mais linda e mais pura da minha vida, minha missão e minha transmissão, ali na frente deles. Muitos choravam e olhavam boquiabertos. E foi então que meus cavalinhos foram buscando meus amigos um a um para uns cinco minutinhos de troca de experiência. E lá fiquei eu de expectador daquela cena mágica que eles provocaram. Sim, eles, pois eu só propus, quem embarcou na proposta não fui eu. Foi maravilhoso, de verdade! Aqueles momentos que a gente guarda para a vida inteira. Meus meninos falando do teatro deles para gente que é muito mais fera do que eu, que entende muito mais do que eu, que viveu muito mais do que eu vivi. E estavam sendo ouvidos, os danadinhos. Eles são encantadores. Após o clássico beijo na testa, fui marcando-os de um a um com tinta guache e era marcado por todos em minha roupa toda branca. A cada membro do CAT que me marcava, dizia coisas e ele como se ele fosse um daqueles meninos que já se foram e não estão mais comigo. A mensagem era para  correr os ares e atingir o coração dos meus queridos, já não tão pequenos assim. Um a um, até o último. 

Durante a conversa ouvi muita coisa. Muito elogio, que agradeço sinceramente, mas pelos quais não posso ser seduzido. Já caí nesta armadilha uma série de outras vezes e desta vez não será assim. "Elogio faz bem, mas não pode cegar..." já dizia Catarina. Sei que não sou herói nem santo, e que meu trabalho é falho em muitos pontos, embora seja recheado de amor, o que sempre o acaba salvando. Agradeço a intenção das palavras e não o conteúdo. Se eu acreditar, posso cair no mesmos erros de outrora e, na verdade, como sempre digo e disse nesta quinta para meus cavalinhos, nosso teatro só é como é porque eles querem que seja assim. De que adiantaria eu querer sozinho. Da mesma forma, a instalação.Talvez tenha funcionado, mas porque as pessoas se propuseram a aceitar a proposta e viajar dentro dela. Foi isso que criou a Magia, não fui eu. O que tinha ali era, Adultos, crianças, adolescentes, um cara de branco, tinta e um desenho na parede. O significado atribuído a tudo é que fez a diferença. Falando em linguagem de PNL: "As pessoas respondem à experiência, não à realidade em si."


terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ecos do CAT (Aula 17)

Nossa! Que sacanagem!

Como é que você toca lá no íntimo da gente como esse vídeo e este texto, Mônica?

Lá fora, poucas vezes se pode fazer isso. Aqui, eu me permito.

Se pudesse, fecharia os olhos e ficaria aqui pelo tempo que fosse. Sorvendo tudo. Sentindo eternamente. Aqui encontro programas para me desprogramar das regras que a rotina e a sociedade me impõem. Experiências, no cotidiano, temos poucas, essa é a regra. Mas por onde andam os programas e exceções por entre as coisas que passam?

Que me perdoem os mestres, mas como é rico trocar com meu colega. É por isso que o intervalo se estende e a conversa de mesa de bar quase me faz perder o metrô. Nesta circunstância limítrofe de tempo e espaço que temos é sempre preciso seguir o curso e o caminho. Caminhar nos leva a algum lugar. Parar e pensar me motiva a andar em direção ao caminho. Tudo é importante. A troca, o andar da carruagem e as atividades propostas, tudo. É que a troca, necessidade constante dos homens, pouco lembrada hoje em dia, nos consome. O Grupo felizmente é bom e dá vontade de ouvir o outro. Penso que estamos quase em Novembro e em Dezembro tudo será saudade ao virar do ano.

Incrivelmente agora faço algo que dificilmente consigo fazer. Mergulho com olhos e pensamento na folha, enquanto meu ouvido permanece conectado às histórias da Barra Funda, canções e sugestões de massagem nos pés.

PAUSA PARA A MASSAGEM

Momento de respirar e absorver a paixão pelo pífano. Será que desta vez aprendo a tocar alguma coisa?

E canto a música que não sai da minha cabeça. Como um pão com queijo e salame regado a coca-cola, bate papo e lembranças da piada da Cotoca.

Lá vem Dona Coluna, com SR. Sácron e os Ilíacos, dois rapazotes simpáticos. Todos vieram dançar ao som do meu pífano, que em minha jukebox mental, toca "dói no peito, às vezes, mas é muito, muito bom...". Sou convidado a entender a lei da ação e reação, empurrar o chão e deixar que o chão me empurre. Em vez de me carregar sobre o planeta, aprendo e me organizar para que o planeta me carregue. Mesmo movimento, menos gasto de energia. Dando ao planeta, recebemos dele.

Massageio, sou massageado, experimento a alavanca, o apoio da coluna no chão para a subida mais eficaz, sem contração abdominal. Fecho os olhos e massageio a pele com o chão. Ele devolve o carinho. Contato, improvisação, corpos de quem não sei... Dançamos silenciosamente. Todos em contato, em improvisação. Viagem interna da qual nem queria retornar. Última coisa que lembro:

"Trabalho, descanso, apoio, esforço, tudo é parte de uma mesma moeda..."

Quero dizer Drummond, e viajo tanto para dentro dos versos, que eles me consomem e perco o fio no meio, perdendo a melhor parte. Tudo bem...

Rola um poema, que a Mônica emprestou do Nietche e belas canções que o Daniel emprestou de alguém que lhe é caro e bom. E assim caminho para o metrô. Lá, eu e minha amiga ainda em silêncio, refletimos em nossas telas mentais, sobre a experiência que ainda ecoará por horas, dias, meses anos...






Protocolo (Diário de Bordo da Júnia)


Este foi um dos presentes que eu ganhei na semana passada, aquela semana mágica!

PROTOCOLO- Entre por essa porta agora e diga que me adora ou Como mudar a sua vida em meia hora.

Tenho lembranças da minha mãe dizendo que eu era uma delicia de vovó da chapeuzinho vermelho,"um teatro divertidíssimo" disse ela falando da minha performance artística em alguma festinha de aniversário na minha casa.Eu provavelmente beirava meus quatro anos, e naquela idade,  naquele momento, eu podia ser tudo o que eu quisesse, até eu mesma. Tudo que eu via  ou tocava se transformava em estimulo para eu construir  o meu castelo de sinestesias e descobertas.
O tempo foi passando e o mundo foi mostrando que o "tudo" do mundo estava se fragmentando , se despedaçando, agonizando na minha frente. E que esses cacos de mundo poderiam me machucar,  eles eram muitos feios e cortantes, e só seria possível continuar nesse mundo se eu me recolhesse um pouco, talvez um pouco mais, se secando, não deixando mais pedaços de mim mesma espalhados, jogados pelo mundo.
Ou seja, cresci, fui pra escola e descobri que as pessoas não querem  respostas emocionais de você, vivemos em um  mundo onde o melhor que fazemos é nos tornarmos  muito produtivos  de preferência com um capuz, para que nada nem ninguém rompa esse nosso altar que  conseguimos levantar  com  muito sangue e suor em função de manter ilesa a nossa sanidade mental.
E de repente você se vê não penetrada por nada, absolutamente, as coisas não te tangem e todos os assuntos que  te cercam você já tem uma tese concebida e  muito bem estruturada para rebater, e ainda da por cima com gestos magníficos, confiantes.  E você começa a acreditar que nada é novo para você, que o mundo não vai mais te ensinar nada.
 Mas continua sendo muito difícil não ser penetrado.Você tem precisa fazer um puta esforço pra uma mão tremendo passar ileso diante dos seus olho, ou um grito de esperança, uma música cantada em uníssono não penetrarem seus ouvidos. Ou até ignorar um dedo quentinho que encontrou exatamente o ponto nas suas costas, que doeu a semana inteira, e que agora é só alivio.
Meu deus, como é difícil não ser atravessado! Mas eu estava tentando não ser, doe demais se abrir, se expor , falar em fraquezas, mostra aquela pinta, contar de um machucado, questionar. E se eles acharem que eu sou uma mentira? E se eu for uma mentira de fato?
Mas hoje não teve jeito.
Já no inicio do encontro aconteceu uma explosão de inquietude e tudo que era mais precioso para o menino do violão ele coloca na roda, ele mostra tudo pra gente e conta da sua dificuldade com sua glândulas sudorípara em prantos. Ele me presenteou com o seu ser mais intimo! E eu, me guardando toda, me recolhendo... Que injusto!  
E de repente pululavam poesias, frases, contos, relatos,  todos haviam sido  atravessados por aquele espetáculo e  estavam comungando daquele estado  vivo e genuíno que o menino do violão tinha se encontrado e nos colocado.
 E esse era só o começo do encontro. No meio das poesias eu pensei,” vou ter que recuperar aquele meu caderno de brochura que eu escrevia uns suspiros de tristezas e umas descobertas que me acometiam nos caminhos que eu passava”
Mas eu sabia que recuperá-lo não ia ser uma tarefa fácil, porque pra escrever nele eu tinha que ser atravessada por completo.
Recomeça as apresentações, e o Varlei foi contar a sua história, e  um nada de atenção que eu prestasse nas  suas palavras já me remetia  àquele estado de encantamento que só é possível alcançar se você se deixa ser atravessada. Pois é, tudo que ele dizia eu me questionava, eu pensava, “mas caramba Varlei você tem lutar por melhor condição de trabalho”, meu deus, “mas você fazia isso na hora do almoço, e o seu salário?” E a cada questionamento, que me são muito caros, ele me apresentava o final daquela saga e derrubava  a minha aflição trazendo um final de superação e esperança para as pessoas que ele apresentou as coisas mais preciosas que ele tinha.
No final de cada projeto que ele contava, ele dizia que tinha sido sucumbido pelo sistema e que já não tinha forças para continuar!! Mas no momento da sua estada nessas escolas o seu único caminho era resistir e tentar construir um caminho de sementes, para quem sabe um dia elas florescerem, e floresceu, muito, ele fez uma floresta! Ele fez a diferença!  
 Esse relato, e os outros que seguiram  me colocaram em um estado de alerta, porque boa parte das minhas crenças estavam sendo demolidas, naquele instante. O Varlei lutou contra o sistema sozinho, ele fez fendas irreparáveis nessa burocracia indigna.” Caramba, Varlei, o que eu faço agora?” Agora que eu  sei que a luta tem que acontecer também no âmbito do olho no olho.
Varlei na verdade, o que  eu preciso entender, com palavras simples,  é: como que eu construo um trovador mirim bem grande e bem forte, para que ele possa combater os meus discursos inflamados e retóricos, minha insegurança, para que ele construa uma ponte encima do lago que mora o peixe vivo, para que este peixe me mostre  que fazer a diferença é atravessar a ponte, acreditando que no final dela existe uma cachoeira de labareda,  e que do lado da cachoeira tem um moço muito bonito de nome Welligton afirmando que eu posso entrar na cachoeira, tranqüila, porque ela nunca vai queimar enquanto a gente não quiser que queime. 
Enfim, eu quero ser atravessada, eu desejo  transformar em meia hora, mesmo que todo esse sistema diga que isso não é possível. E por fim eu queria que vocês soubessem que eu adoro entrar por aquela porta.


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Ecos do CAT (Aula 16)

Hoje foi dia de PROVOCAÇÃO PEDAGÓGICA Nº 3. Foi demais. A Maria Tendlau é ótima e acrescenta muito. Foi o último encontro com ela. Fiquei com gosto de quero mais. Pena que tenho pouco tempo para ecoar as reflexões aqui hoje.

- Das vantagens de ser bobo - Clarice Lispector - Texto lido pela Mônica. O link e o texto vão no final.

- Duas pessoas (Vanessa e Jô) se dispuseram a dar oficinas no Mostra a Cara. Aeeee

Mas vamos às provocações, às rotinas e as frases que me despertaram:

Fizemos um programa com 5 atividades. Eu fiz a do gelo: cinco pessoas de mãos dadas, com gelo entre as mãos durante 5 minutos, a fim de derreter o gelo. Foi punk, bem dolorido, principalmente no final. Passei mal. O segundo programa consistia em 3 pessoas tirarem alternadamente objetos de suas bolsas pessoais. O terceiro era 3 pessoas ficarem de ombro a ombro, sorrindo por 5 minutos ininterruptos. O quarto era feito por 4 pessoas. Cada uma deveria descrever seu quarto ininterruptamente e todos juntos. O quinto, duas duplas deitavam uma sobre a outra e tínhamos de observar as reações.

Pela descrição pode parecer que são coisas idiotas, mas são de uma força absurda.

Alguns apontamentos:

- "Que o programa desprograme!". Tudo a ver com o trabalho de flash mobs que fiz com os meninos.

- Programa: Enunciado de ações: (ação, risco, experiência)

Exercício de recortes de texto. Fazer o mesmo com o projeto do PRIMAVERAS!

- "De nada, nada virá." - Peça didática de Brecht

Tempo estabelecido do programa.

Trabalhar com textos não dramáticos e criar discurso a partir de qualquer material.

Contar a história, refletir sobre ela ou desconstruí-la?

Ampliar a capacidade da pessoa para construção do discurso para que se possa ler o mundo.


O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo.

- O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

- Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.

- O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem.

- Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas.

- O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver.

- O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes o bobo é um Dostoievski.

- Há desvantagem, obviamente: Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era a de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro.

- Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado.

- O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo nem nota que venceu.

- Aviso: não confundir bobos com burros.

- Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a frase célebre: “Até tu, Brutus?"

- Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

- Os bobos, com suas palhaçadas, devem estar todos no céu.

- Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

- O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos.

- Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos.

- Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham vida.

- Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

- Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita o ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

- Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cimas das casas.

- É quase impossível evitar o excesso de amor que um bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Ecos do CAT (aula 15)

Descrição:

Pandeiro com o Majó. Aprendi o toque de capoeira.

Música do Emerson com piano. Ficou bonito.

Instalação do Daniel: Poesia, terra, rua, música, dança e poesia. Interação com a cidade.

Bom, já descrevi para não esquecer. Durante a aula escrevi quatro poemas. E lá vão os três!

LÍNGUASOLTA


Não paro
não me calo. 
Falo até fazer
calo
na língua
e na voz. 


Falo em grupo e
a sós 
comigo mesmo
pela rua
pela casa 
minha e tua
pela escola
dia e noite afora. 


PINTA O SOM


Era um menino
que desenhava sons no espaço. 


Com palavras sabor manga
coloriu de sonoridade 
o frio concreto da cidade


Os grafites de altos muros
mergulharam nas colunas comuns
e dançaram.


Pranto amarelo traduzido em som
alquimia de cores
leva quem ouviu
pelos metrôs, trens 
escadas rolantes
elevadores 
de sensações...


TERRA, RUA E TAMBOR


Circula, espirala
serpenteia dentro de mim
a energia da terra quente
e molhada. 


Vibra intenso
Cessa o movimento 
corriqueiro. 


Olhos de quem via e não enxergava
voltam à vida então...


Lirismo que rasga convenções
Encarnação do Divino
que há no um e no todo
do ínfimo que me antecede
e que também é meu. 


(Sem título)


Então CAT
CAT de volta seu lirismo esquecido


Aquele que você procurava 
e veio encontrar aqui, 
fora de casa. 


CAT, mas não prenda!
espalhe em cada canto
cada espaço 
cada fenda 
e fresta. 


"Resgat" o trovador esquecido. 


CAT Agora! Está solto
no ar, no som, no solo... 
É pra você!


Vai deixar passar? 












terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ecos do CAT (Aula 14)

Onde está o meu lirismo? Pego o note para ecoar o CAT e a poesia se sempre se esvai. Faz tempo que está este esconde-esconde. E não sei se por sono, falta de paciência ou vontade de brincar, ela sempre ganha. Mas hoje não vai ganhar. Hoje preciso da senhora, velha amiga. Trate de vir aqui, sentar do meu lado e ler comigo o que eu vou contar. Não tenho muito tempo para te procurar, então larga desse jogo e senta aqui do meu lado. Você, que existe desde que o homem é homem capaz de olhar o mundo como criança, brincar com a palavra solta da boca. Você que é velha, mas tem a coluna ereta, sem nós e tem uma flexibilidade invejável.

Olha, vamos fazer o seguinte. Não acho certo eu acabar com sua alegria de menina. Pode continuar escondida onde quiser. Vou contando em voz alta e te procurando, quem sabe você me ouve e aparece. 

Embora a roda fosse igual, a energia circulava diferente. Qualquer coisa encantada pairava no ar... Não acredito que era você. Safadinha, está se divertindo. Foi tudo culpa sua. Visitou a Júnia, se aproximou do notebook dela, fez-me chorar com a reflexão que ela escreveu e com as coisas que escreveu pra mim. Então foi por isso que senti algo de familiar naquele texto? Foi por isso que me tocou tanto? Pera aí, depois veio a Mônica com o Leminski, o Daniel com o pessoa a música do Emerson outra vez e você nem avisa. Nem pra dizer um "Oi, Tô Aqui!", um tchauzinho só que seja. Poxa vida... 

Deixa eu adivinhar: Lá estava você no aquecimento da Cordélia e nos dorémis do Lincoln. Estou sacando qual é a tua. 

Quantas bolachas você comeu? Quantos copos de chá? Ouvi a Rebeca dizer que acabou rápido, quase num passe de Mágica. Depois a senhora se acometeu do Daniel novamente, revelando seu lado faceiro e nos fez chorar de rir com a imitação do Majó e do William. Engraçado o que você fez? Como diria o Majó: "Engraçado porra Ninhua". Quando for assim avisa! 

A Tica chegou e eu morrendo de medo de dar outro vexame. Mas a aula foi doce. Agora entendi porque senti-me daquele jeito quando respirei fundo. Era você subindo minha coluna pela parte de trás e descendo pela parte da frente. E nas rotações. Foi demais quando muitos amigos gritavam meu nome dizendo "Vai, Varlei! Arrasa!". Senti-me acolhido e protegido. Não sei mais porque estou contando se você já sabe de tudo... Ainda bem que terminei... 

Estou com o corpo moído. Não sei se pelo cansaço de escrever todo dia, tenho me esquecido de te procurar. Mas olha só você aqui dentro de mim de novo. Mas agora que te encontrei, não sei se quero mais escrever. Estou com sono, velha amiga! Quero deitar e descansar. A cama está quentinha e confortável. Você bem que poderia me acompanhar nesta soneca. 

Desculpa não ter reparado em você. Às vezes isso acontece. Não tenho a tua sabedoria. Um dia terei seus olhos e nada me passara despercebido. Prometo que nunca mais vou mandar parar o esconde-esconde. Preciso mesmo é treinar o meu olhar para te encontrar em todo o canto, que agora eu descobri. Você está onde eu puder te ver. Só agora entendo o poema que escrevi para você no "Pavê de Poesia e outros Poemas Gostosos", livro para crianças que ainda vou publicar um dia. 

Amizade estranha

Tenho uma amiga tão estranha.
Não sei o que acontece.
Se quero brincar, ela some;
se estou com sono, ela aparece.

No meio da aula ela vem
me chamando para brincar.
Quando a procuro, não encontro,
não sei onde foi parar.

Mas com ela vou brincando
sem perder a alegria.
Seja noite, seja dia

vou perdendo e encontrando
me escondendo e procurando
minha amiga poesia.

2002
                        




segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ecos do CAT (Aula 13)

13ª Aula: 13 dá azar? Que nada...

Dia em que a poesia rolou solta. Em todos os sentidos. No relatório (diário de bordo) da Pri, na Música do Emerson, nos poemas lidos pela Mônica, Cordélia e pelas lágrimas da Rebeca. Será que esqueci de alguém.

Esqueci de falar que cogitamos ir assistir a uma palestra no Centro Cultural São Paulo, mas preferimos ficar. Ainda bem.

Como é empolgante, como é maravilhoso ouvir as pessoas e suas histórias. Ri demais com a história do William, o cara firmeza da quebrada, que começou a fazer teatro por causa de um trabalho de conclusão de curso do Técnico em Administração. Muitas aventuras no corredor da escola, da turma que foi expulsa de quatro locais da mesma escola. hahahaha

Depois fui eu e contei minha história. Acho que a galera gostou. Fiquei bem nervoso.

E lá foi o Alexandre contar sua historia também. Que coisa linda e tocante a trajetória dele.

O Emerson foi o último e fechou a aula com chave de ouro. Momentos divertidos e um final de arrancar o coração com a história de um aluno de seu grupo de saúde mental, que se suicidou após a prefeitura cancelar o projeto do grupo.

Peço desculpas por não conseguir descrever aqui toda a atmosfera poética. Decidi ser bem técnico na descrição, já que mesmo se eu quisesse, não conseguiria retransmitir a beleza do momento.

Saí muito melhor do que eu entrei. E olha que não entrei mal. Muito obrigado, CATDRÁTICOS!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ecos do CAT (Aula 12)

Bora lá ecoar a décima segunda aula.

Bastante reflexão, mas pouca coisa em palavras, creio eu.

Aula do Lincoln: Leitura de um trecho do livro "Os cocos" de Mário de Andrade. Muito bom conhecer o lado pesquisador do autor de Macunaíma. Gostei demais. Fiquei curiosíssimo pela história de Chico Antônio, um mestre do Coco. Preciso preciso ver se encontro o filme "Chico Antônio, um herói com caráter." Criação das músicas através dos escritos do grafite. É interessante perceber como cada um de nós trabalha em grupo. Neste momento, prefiro ceder a procurar um embate de idéias desnecessário. Nossa apresentação foi, digamos, não muito assertiva, mas o mais importante é o processo. 

Instalação do Alê: O Contraste entre a violência infantil e a alegria do circo, que remeteu alguns à infância. Subi para a brincadeira e me vesti de guerreiro, com uma espada na mão. Senti-me um Dom Quixote. Não conseguia tirar dos olhos a visão dos problemas e da violência infantil. Enquanto os outros brincavam, apontava minha espada em direção da platéia, onde estavam as informações violentas. 

Durante a reflexão senti-me um pouco incomodado. Tenho sentido que as discussões em certo momento tornam-se redundantes, o que me faz perder o foco. Pode ser uma impressão pessoal. 

E, não sei, em contraste com a última aula, senti-me não tão bosta assim. Passei até a gostar mais de mim após o dia de hoje. Às vezes pareço um peixe fora d´água, é verdade. Nada demais. É um estranhamento bom e até necessário para mim. Sabe quando a gente viaja para lugares maravilhosos e passamos a gostar mais ainda de nossa casa quando retornamos? Pois é... Acho que amanhã chegarei com esta sensação ao ensaio do Brinquedo Torto. É bom conhecer outros mundos, mas voltar para casa é maravilhoso. 


terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ecos do CAT (Aula 11)

A gente não quer ecoar o que dói. A aula de hoje doeu. Não a aula de canto, essa foi tranquila. A aula de corpo foi dura para mim. Não fisicamente. Suportei tranquilo toda a pegada do trabalho. Minha cabeça é que sentiu pesado o baque. Muita energia e muita vontade de fazer o trabalho de cuidador, mas não rolou. Não consegui cuidar como devia, não consegui observar a coluna do meu colega como devia. 

Dói e eu me cobro demais. Quero sempre fazer o melhor. Faço como se meus meninos estivessem me assistindo e como se pudesse dar exemplo. Cobro demais de mim mesmo. E quando percebo que está acontecendo, cobro-me mais ainda por estar me cobrando tanto. Que vontade de chorar... Me senti um analfabeto corporal.

Foi duro. Não fosse o momento de experimentação depois, onde pude jogar tudo fora, teria saído da aula um bagaço. E o momento de cervejinha depois, ajudou a jogar fora. Só de lembrar me sinto mal. E nem queria estar escrevendo e ecoando a aula de hoje. Ela já ecoa, reverbera, grita dentro de mim. Mas compromisso é compromisso. 

Quero ver se agora eu durmo e esqueço um pouco. A Tica me recomendou não dar tanta importância. Então, vamos lá...

É só, por hoje!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ecos do CAT (Aula 10)


Chego ao meu décimo e vitorioso post. Vamos lá!

Antes de qualquer coisa, vou colocar minha definição de poesia, que o Rogério Tarifa, nosso diretor, pediu que fizéssemos:

"Poesia é um estado de encantamento profundo. É quando um adulto olha o mundo com o mesmo deslumbre de uma criança."

A PROVOCAÇÃO PEDAGÓGICA Nº 02 foi realmente provocadora. Durante toda a aula, muitas questões invadiram minha cabeça, as quais levantarei no final desta postagem. Anotei muitas coisas durante a aula e tive boas sacadas para o meu trabalho com o Brinquedo Torto e com a Lírica. A Maria Tendlau é ótima.

- Para a próxima montagem da Cia Lírica (provavelmente Primaveras), preciso estabelecer alguma forma de registro e diário de bordo, que nos ajudará na construção do espetáculo. Tenho certeza de que será de extrema valia.

- Pensar em transpor os pensamentos para o concreto. Como seria se fosse o mesmo trabalho em artes visuais?

Tentei definir o teatro que eu fazia: "Um teatro com crianças e adolescentes, que seja realmente teatro e não educação, ou teatro como ferramenta pedagógica. E um teatro com adultos que esteja comprometido com a educação, mas que não seja didático ou pedagógico." Acho que a definição não foi precisa, faltou falar da importância da pesquisa, da construção coletiva e da criação, dos rituais, e da importância do grupo (assunto que foi polêmico na aula)

Definição do Teatro de Grupo por Rogério Tarifa: "Teatro de Grupo é onde você está não só para montar um espetáculo." PODE CRER


"O Amador está próximo do semi-profissional e o semi-profissional está próximo do amador." - Maria Tendlau - Sensacional!

Buscar possibilidades de criação de um discurso poético.

Quando se expressa uma opinião, abre-se a possibilidade de adesão ou recusa a ela. - Frase da Mônica.

A obra de arte pode ser desestabilizadora de uma certa cultura.

O que qualifica uma obra é a coerência entre forma e conteúdo. Não se trata apenas de dizer o certo, e sim de dizer o certo de maneira certa.

PERGUNTAS:

PARA QUE ENSINAR TEATRO? 

- PARA EDUCAR DA CINTURA PARA BAIXO
- PARA PROVOCAR UMA EXPERIÊNCIA SENSÍVEL
- PARA OFERECER VÁRIAS FORMAS DE VER, OUVIR E SENTIR
- PARA QUE ALGUÉM POSSA RECUSÁ-LO, SABENDO O QUE ELE DE FATO É.
- PARA QUE SE POSSA ENCONTRAR UMA POSIÇÃO DIANTE DO MUNO...

TIRANDO TUDO O QUE FOR DESNECESSÁRIO, O QUE É ESPECÍFICO DO TEATRO?


O efêmero
- A troca
- A comunicação

SE TEATRO É TUDO ISSO MESMO QUE FOI DISCUTIDO, EU FAÇO TEATRO? 

SEM DÚVIDA

O QUE QUALIFICA UM DISCURSO POÉTICO NO TEATRO? 


- A VERDADE E A AUTENTICIDADE DE QUEM DIZ
- A FORMA APROPRIADA DO DISCURSO

QUANDO O ELEMENTO DA CULTURA É UM DISCURSO POÉTICO E QUANDO É UM ELEMENTO DE ARTE? 


- É UM ELEMENTO DA CULTURA QUANDO É CAPAZ DE PROMOVER FRUIÇÃO E FAZ PARTE DA VIVÊNCIA DE DETERMINADO NICHO; É ARTE QUANDO, ALÉM DISSO, PROVOCA, ENCANTA E PROMOVE REFLEXÃO.

Dia muito produtivo. Muita coisa ainda na cabeça!

Olhando para meus colegas CATdráticos, já consigo pensar num repertório de idéias e acontecimentos com cada um. Estamos construindo juntos uma história de grandes aprendizados. Isso é maravilhoso!



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ecos do CAT (Aula 9)

Fui como sempre para São Paulo, ouvindo Gabriel o Pensador, coisa que já tem virado rotina. Um aperto grande no peito e uma vontade de chorar.

Sou um grão de areia no olho do furacão
Em meio a milhões de grãos
Cada um na sua busca, cada bússola num coração
Cada um lê de uma forma o mesmo ponto de interrogação
Nem sempre se pode ter fé
Quando o chão desaparece embaixo do seu pé
Acreditando na chance de ser feliz
Eterna cicatriz
Eterno aprendiz das escolhas que fiz
Sem amor, eu nada seria
Ainda que eu falasse a língua de todas as etnias
De todas as falanges, e facções
Ainda que eu gritasse o grito de todas as Legiões
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras que eu mais quero repetir na vida?
Felicidade, Paz, Fé...
Felicidade, Paz, Sorte
Nem sempre se pode ter Fé, mas nem sempre
A fraqueza que se sente quer dizer que a gente não é forte



 Todo ser humano tem direito a ser alguém e tem direito a ter um bem do bom e do melhor.
Melhor pra todos nós se todo ser humano tem direito à sua vez e tem direito à sua voz.
Padres e mendigos, freiras, prostitutas, todos são iguais, todos têm direito à paz, todos têm direito à luta.
Direito e dever de saber e de ver e fazer acontecer.
Todos têm direito de mudar!
Nem todos que sonharam conseguiram, mas pra todos conseguirem todos têm que ter a chance de tentar.
Não tem pra ninguém!
Mas tem que ter pra todo mundo e pra mim também!



Almocei um risoto gostoso e fui para a aula do Lincoln. Confesso que fiquei meio perdido com o trabalho de percepção musical, principalmente com o o tal do modo mixolídio. Mas nada que não consiga pegar. Foi só o desespero da hora. Gosto muito de cantar e se pudesse, estudaria canto. Estou mais familiarizado com o coco do que o samba no pandeiro.

Instalação do William. A margem, a periferia, o rap, imagens e nossos corpos jogados ao chão. Percebi que eu não preciso me envolver emocionalmente com a instalação. Acho que às vezes é até bom ver olhares diferentes e poder se transformar com a visão do outro.

No meio da aula veio o texto que se segue:

" Tem gente sofrendo por aí. A realidade é dura. Eu já sofri demais nessa porra de vida. Já odiei, já quis matar,  já mandei gente à merda e quis anular meu voto, voltar atrás e voltar em outro, não votar, não comprar roupa de marcar, não comer no Mac Donald´s, não tomar coca-cola, não comer carne. Tenho ideologia, quero a sociedade melhor e sofro com minha condição, minha falta de renda, meu excesso de trabalho e contas pra pagar, meu futuro e o futuro dos meus futuros filhos.

E eu posso fazer o quê? Posso olhar nos olhos dos meninos, dar-lhes um beijo na testa, um abraço bem apertado, fazer o meu melhor a cada aula, permitir que eles se emocionem  quando o mundo pede que eles sejam duros...."

É por aí. Aos poucos, vou conhecendo melhor cada um dos meus amigos e gostando mais de suas histórias e ficando um pouco mais humanamente rico com a história deles.

Valha-me, Pensador

Fui Pixote, sei andar na escuridão
Enfrentar moinho, derrubar dragão
Cavaleiro Andante, sei andar sozinho
Dom Quixote não tem medo de alucinação
Desde o saco do meu pai tô na batalha
Não nasci pra ser esparro de canalha! 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011










Mais uma vez vem aquela vontade, aquele saco, cheio, aquele ímpeto, aquela sensação, aquele desejo de mandar alguém à merda (sem o sentido teatral da palavra). Tem gente que passa a vida inteira e procurar pelo em ovo. Deixa em paz quem está quieto, puta merda! 
Preciso abstrair, deixar pra lá, fazer o meu, dar o meu jeito, fazer meus corres, dar meus pulos, fazer minha correria, estar cagando e andando e tudo mais que for possível. 
Já desabafei, agora vou mudar a frequência... 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ecos do CAT (aula 08)

Preciso encontrar formas mais criativas de postar minhas reflexões. Mas vamos lá:

Alongamento neste corpo, seu banana. Muitos cocos, alguns de roda, outros de embolar minha cabeça de melão. Todos deliciosos. Passos do coco como pisadas em cacau. Músicas gosto de terra e fruta tirada do pé. Sanfona de som laranja, olhares de jabuticaba e uva verde. Cantorias, e melodias sabor goiabada. A minha tinha um ou outro cristal que endureceu a boca. Quase não soltei direito. Fiquei meio amarelo-manga. Pandeiro, aprendendo a gostar e saborear aos poucos. A casca é chata de tirar como lichia, mas o gosto de estar aprendendo é tão bom...

Lanche sem fruta. Cada vez menos saudável.

Aula da doce tica. Coluna, a semente que está lá dentro. O caroço do abacate. O observador apenas contempla e se deslumbra com o amadurecer do corpo do colega. Aprende a ouvir a polpa que há dentro de você. Pega o corpo do colega e amassa feito mamão e abacate. Cada pedaço, cada caroço, amassa, amassa e amassa as costas do coleguinha. Logo aparece o suco ou a papa. O legal é quanto a gente sente a nossa polpa o nosso caroço e deixa de ser só casca. Aí vem a intuição e diz coisas para quem quer ouvir. Deixa de ir e perguntar para o médico. Responde você primeiro e depois vai perguntar para ter certeza. Não deixa a fruta passar e cair do pé.

É toda essa delícia aí. Tem até mais coisa, mas tirei a casca e saboreei o mais gostoso dessa maçã.


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Ecos do CAT (Aula 7)

MEMÓRIA 

INSTALOU-SE 
CONTRALUZ E ESCURIDÃO
FOCOS E CORES 
BONECO INERTE 
MOVIMENTO ILUSÓRIO?

CORES CONTRA LUZES 
PERSPECTIVAS, MOVIMENTOS OU
NÃO MANIPULAÇÃO? 

MÃOS GRANDES DE QUEM FAZ
CORAÇÃO POSTO A FRENTE
CARA A TAPA

REFLEXÕES... REPETIÇÃO

LANCHES

DIÁRIO DE BORDO

APRESENTAÇÕES
OLHOS FECHADOS: 
TEATRO DE RUA, CÉLIA HELENA 
UNESP E O TÃO FALADO ALEXANDRE MATE 
EDUCAÇÃO (VONTADE DE PARTILHAR)
OFFICE BOY, CULTURA POPULAR, TEATRO NA IGREJA
NA ESCOLA

TODO MUNDO É UM POUCO IGUAL