segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Ecos do CAT (Aula 16)

Hoje foi dia de PROVOCAÇÃO PEDAGÓGICA Nº 3. Foi demais. A Maria Tendlau é ótima e acrescenta muito. Foi o último encontro com ela. Fiquei com gosto de quero mais. Pena que tenho pouco tempo para ecoar as reflexões aqui hoje.

- Das vantagens de ser bobo - Clarice Lispector - Texto lido pela Mônica. O link e o texto vão no final.

- Duas pessoas (Vanessa e Jô) se dispuseram a dar oficinas no Mostra a Cara. Aeeee

Mas vamos às provocações, às rotinas e as frases que me despertaram:

Fizemos um programa com 5 atividades. Eu fiz a do gelo: cinco pessoas de mãos dadas, com gelo entre as mãos durante 5 minutos, a fim de derreter o gelo. Foi punk, bem dolorido, principalmente no final. Passei mal. O segundo programa consistia em 3 pessoas tirarem alternadamente objetos de suas bolsas pessoais. O terceiro era 3 pessoas ficarem de ombro a ombro, sorrindo por 5 minutos ininterruptos. O quarto era feito por 4 pessoas. Cada uma deveria descrever seu quarto ininterruptamente e todos juntos. O quinto, duas duplas deitavam uma sobre a outra e tínhamos de observar as reações.

Pela descrição pode parecer que são coisas idiotas, mas são de uma força absurda.

Alguns apontamentos:

- "Que o programa desprograme!". Tudo a ver com o trabalho de flash mobs que fiz com os meninos.

- Programa: Enunciado de ações: (ação, risco, experiência)

Exercício de recortes de texto. Fazer o mesmo com o projeto do PRIMAVERAS!

- "De nada, nada virá." - Peça didática de Brecht

Tempo estabelecido do programa.

Trabalhar com textos não dramáticos e criar discurso a partir de qualquer material.

Contar a história, refletir sobre ela ou desconstruí-la?

Ampliar a capacidade da pessoa para construção do discurso para que se possa ler o mundo.


O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo.

- O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

- Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.

- O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem.

- Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas.

- O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver.

- O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes o bobo é um Dostoievski.

- Há desvantagem, obviamente: Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era a de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro.

- Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado.

- O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo nem nota que venceu.

- Aviso: não confundir bobos com burros.

- Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a frase célebre: “Até tu, Brutus?"

- Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

- Os bobos, com suas palhaçadas, devem estar todos no céu.

- Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

- O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos.

- Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos.

- Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham vida.

- Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

- Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita o ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

- Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cimas das casas.

- É quase impossível evitar o excesso de amor que um bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.


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