terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ecos do CAT (Aula 14)

Onde está o meu lirismo? Pego o note para ecoar o CAT e a poesia se sempre se esvai. Faz tempo que está este esconde-esconde. E não sei se por sono, falta de paciência ou vontade de brincar, ela sempre ganha. Mas hoje não vai ganhar. Hoje preciso da senhora, velha amiga. Trate de vir aqui, sentar do meu lado e ler comigo o que eu vou contar. Não tenho muito tempo para te procurar, então larga desse jogo e senta aqui do meu lado. Você, que existe desde que o homem é homem capaz de olhar o mundo como criança, brincar com a palavra solta da boca. Você que é velha, mas tem a coluna ereta, sem nós e tem uma flexibilidade invejável.

Olha, vamos fazer o seguinte. Não acho certo eu acabar com sua alegria de menina. Pode continuar escondida onde quiser. Vou contando em voz alta e te procurando, quem sabe você me ouve e aparece. 

Embora a roda fosse igual, a energia circulava diferente. Qualquer coisa encantada pairava no ar... Não acredito que era você. Safadinha, está se divertindo. Foi tudo culpa sua. Visitou a Júnia, se aproximou do notebook dela, fez-me chorar com a reflexão que ela escreveu e com as coisas que escreveu pra mim. Então foi por isso que senti algo de familiar naquele texto? Foi por isso que me tocou tanto? Pera aí, depois veio a Mônica com o Leminski, o Daniel com o pessoa a música do Emerson outra vez e você nem avisa. Nem pra dizer um "Oi, Tô Aqui!", um tchauzinho só que seja. Poxa vida... 

Deixa eu adivinhar: Lá estava você no aquecimento da Cordélia e nos dorémis do Lincoln. Estou sacando qual é a tua. 

Quantas bolachas você comeu? Quantos copos de chá? Ouvi a Rebeca dizer que acabou rápido, quase num passe de Mágica. Depois a senhora se acometeu do Daniel novamente, revelando seu lado faceiro e nos fez chorar de rir com a imitação do Majó e do William. Engraçado o que você fez? Como diria o Majó: "Engraçado porra Ninhua". Quando for assim avisa! 

A Tica chegou e eu morrendo de medo de dar outro vexame. Mas a aula foi doce. Agora entendi porque senti-me daquele jeito quando respirei fundo. Era você subindo minha coluna pela parte de trás e descendo pela parte da frente. E nas rotações. Foi demais quando muitos amigos gritavam meu nome dizendo "Vai, Varlei! Arrasa!". Senti-me acolhido e protegido. Não sei mais porque estou contando se você já sabe de tudo... Ainda bem que terminei... 

Estou com o corpo moído. Não sei se pelo cansaço de escrever todo dia, tenho me esquecido de te procurar. Mas olha só você aqui dentro de mim de novo. Mas agora que te encontrei, não sei se quero mais escrever. Estou com sono, velha amiga! Quero deitar e descansar. A cama está quentinha e confortável. Você bem que poderia me acompanhar nesta soneca. 

Desculpa não ter reparado em você. Às vezes isso acontece. Não tenho a tua sabedoria. Um dia terei seus olhos e nada me passara despercebido. Prometo que nunca mais vou mandar parar o esconde-esconde. Preciso mesmo é treinar o meu olhar para te encontrar em todo o canto, que agora eu descobri. Você está onde eu puder te ver. Só agora entendo o poema que escrevi para você no "Pavê de Poesia e outros Poemas Gostosos", livro para crianças que ainda vou publicar um dia. 

Amizade estranha

Tenho uma amiga tão estranha.
Não sei o que acontece.
Se quero brincar, ela some;
se estou com sono, ela aparece.

No meio da aula ela vem
me chamando para brincar.
Quando a procuro, não encontro,
não sei onde foi parar.

Mas com ela vou brincando
sem perder a alegria.
Seja noite, seja dia

vou perdendo e encontrando
me escondendo e procurando
minha amiga poesia.

2002
                        




Um comentário:

Roberta Conde disse...

Fiquei emocionada! Que lindas suas palavras, amor! Como sempre!

Por onde andam os desenhos do Pavê de Poesia? Ainda vou encontrar para definitivamente te dar de presente!

Bjoooooooo, te amo!!!